Table Of ContentUUnniivveerrssiiddaaddee  ddee  BBrraassíílliiaa  
IInnssttiittuuttoo  ddee  CCiiêênncciiaass  SSoocciiaaiiss  
DDeeppaarrttaammeennttoo  ddee  AAnnttrrooppoollooggiiaa  
PPrrooggrraammaa  ddee  PPóóss--GGrraadduuaaççããoo  eemm  AAnnttrrooppoollooggiiaa  SSoocciiaall  
  
  
  
  
  
CCAATTIIVVAANNDDOO  MMAAIIRRAA  
  
A SOBREVIVÊNCIA AVÁ-CANOEIRO NO ALTO RIO TOCANTINS  
  
  
  
  
  
  
  
FFiigg..  11  IIaawwii  AAvváá--CCaannooeeiirroo..    FFoottoo  CCrriisstthhiiaann  TT..  ddaa  SSiillvvaa,,  22000033..  
  
  
  
  
  
 
Cristhian Teófilo da Silva  
  
  
  
  
  
BBrraassíílliiaa  ––  DD..FF..  
22000055
Universidade de Brasília 
Instituto de Ciências Sociais 
Departamento de Antropologia 
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CATIVANDO MAIRA 
 
A SOBREVIVÊNCIA AVÁ-CANOEIRO NO ALTO RIO TOCANTINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tese elaborada com vistas à obten-
ção do título de Doutor em Antropolo-
gia  Social  pelo  Programa  de  Pós-
Graduação em Antropologia Social da 
Universidade de Brasília 
 
 
 
Cristhian Teófilo da Silva - doutorando 
 
PhD. Stephen Grant Baines - orientador 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
PhD. Carmen Lucia da Silva 
PhD. Dominique Tilkin Gallois  
PhD. João Pacheco de Oliveira 
PhD. Roque de Barros Laraia 
 
 
 
Brasília – D.F. 
2005 
 
 2
RESUMO 
 
Esta etnografia busca compreender as representações e práticas dos 
avá-canoeiros sobre um contexto de dominação específico.  A situação históri-
ca dos avá-canoeiros será abordada como uma situação extrema decorrente 
da implementação de um regime tutelar exercido para assegurar a sobrevivên-
cia dos avá-canoeiros enquanto uma etnia “em vias de extinção”.  O presente 
trabalho inscreve-se assim em uma tradição de pesquisas etnográficas de ca-
sos particulares sobre o índio sob tutela. 
Seu objeto pode ser definido como os mecanismos de transformação 
dos avá-canoeiros em “índios” ou objetos do poder tutelar, bem como a aco-
modação dos avá-canoeiros a estes mecanismos e estes a eles. 
A tese será dividida como segue: 1) revisão crítica da literatura antropo-
lógica recente sobre os avá-canoeiros, 2) discussão teórica sobre a importância 
das relações de poder para a compreensão da vida social dos avá-canoeiros 
sob tutela, 3) histórico do contato, 4) etnografia da cena tutelar, e 5) conclusão 
mediante considerações críticas sobre as noções paternalistas de tutela para 
os avá-canoeiros e a responsabilidade dos antropólogos diante das políticas 
indigenistas e das demandas políticas dos índios. 
 
 3
ABSTRACT 
 
  This ethnography examines the representations and practices of the Ava-
Canoeiro Indians in a specific context of domination.  The historical situation of 
the Ava-Canoeiro will be taken as an extreme situation derived from the imple-
mentation of a wardship regime exercised in order to assure their ethnic survival 
as a “nearly extinct tribe”.  The following thesis follows a tradition of ethnograph-
ic research about particular cases of Indians under tutelage. 
  It´s object may be defined as the mechanisms of transformation of the 
Ava-Canoeiro in “Indians” or objects of the tutelage power as well as the ac-
commodation of the Ava-Canoeiro to such mechanisms and these to them. 
  This thesis will be divided as follows: 1) Critical revision of the recent 
anthropological literature on the Ava-Canoeiro, 2) theoretical discussion on the 
importance of power relations for the comprehension of Ava-Canoeiro social life 
under wardship, 3) contact history, 4) ethnography of the wardship scene, and 
5) conclusion through critical considerations about the paternalistic notions of 
tutelage for the Ava-Canoeiro and the responsibility of anthropologists towards 
the indigenist policies and native political demands. 
 
 4
RESUME 
 
Cette  ethnographie  cherche  à  comprendre  les  représentations  et  les 
pratiques des Indiens d'Ava-Canoeiro concernant un contexte spécifique de la 
domination.  La  situation  historique  de  l'Ava-Canoeiro  sera  prise  comme 
situation extrême dérivée de l'exécution d'un régime de tutellage exercé afin 
d'assurer leur survie ethnique comme "tribu presque éteinte".  La thèse suivante 
s'inscrit dans une tradition des études d'ethnographie des cas particuliers liés à 
l'Indien sous la tutelle. 
C'est objet peut être défini comme mécanismes de la transformation de 
l'Ava-Canoeiro dans des "Indiens" ou les objets de le pouvoir de la tutelle aussi 
bien  que  le  logement  de  l'Ava-Canoeiro  à  de  tels  mécanismes  et  de  ces 
derniers à eux. 
Cette thèse sera divisée comme suit : 1) révision critique de la littérature 
anthropologique  récente  sur  l'Ava-Canoeiro,  2)  discussion  théorique  sur 
l'importance des relations de puissance pour la compréhension de la vie sociale 
d'Ava-Canoeiro sous le tutellage, 3) histoire de contact, 4) ethnographie de la 
scène de tutellage, et 5) conclusion par des considérations critiques au sujet 
des  notions  paternalistes  de  la  tutelle  pour  l'Ava-Canoeiro  et  de  la 
responsabilité  des  anthropologues  vers  les  politiques  d'indigenist  et  les 
demandes politiques indigènes. 
 
 
 5
AGRADECIMENTOS 
 
  Agradeço primeiramente a Matxa, Nakwatxa, Iawi, Tuia, Jatulika e Niwa-
tima.  Sua alegria de viver superou todas as minhas falsas expectativas de vir a 
trabalhar com pessoas deprimidas diante das atrocidades cometidas contra seu 
povo.  Vocês me ensinaram tanto que este trabalho não passa de um fragmen-
to diante de sua sabedoria.  Sem a generosidade de vocês esta pesquisa não 
seria possível. 
Agradeço a Patrícia Costa, esposa e companheira, paciente e carinhosa 
que soube ouvir minhas indefinições e acompanhar meus passos.  A Zeci Cos-
ta pela acolhida em sua casa, entre outras mordomias, que possibilitaram a 
serenidade vital para a conclusão desta tese.  A Arthur Costa pela curiosidade 
sincera e apoio fraternal ao longo de todo o percurso do doutorado.  A Vera 
Carvalho pelo apoio psicológico que me concedeu equilíbrio emocional para 
prosseguir com a pesquisa em meio a acidentes e angústias.  Agradeço a Nan-
ci Costa, que soube em diversos momentos me fazer pensar e aprofundar o 
sentido de minhas opções profissionais. 
  Agradeço aos amigos e colegas Sílvia Guimarães, Cláudio Menezzi, Da-
niel Simião, Kelly Silva, Rosani Leitão, Jean Alves, Mônica Borges, Walkíria 
Praça e Thiago Ávila pelas conversas, conselhos e estímulo nesta fase tão 
conturbada por mudanças e amadurecimento intelectual.  Ao lado destes, Car-
men Silva e Eliana Granado se tornaram amigas-colegas sem as quais nunca 
teria a coragem necessária para enfrentar a realidade dos avá-canoeiros. 
  Agradeço aos professores e professoras, também pesquisadores, que 
contribuíram decisivamente para minha formação profissional, em particular a 
Stephen Grant Baines a quem dedico esta tese.  E também aqueles que aceita-
ram dialogar e souberam criticar de maneira estimulante meus projetos e resul-
tados de pesquisa: Roque Laraia, Aryon Rodrigues, Ana Suelly Cabral, Henyo 
Barretto, Paul Little, Dara Culhane Speck, Bruce Miller e Noel Dyck.  Aos pro-
fessores João Pacheco de Oliveira e Dominique Gallois agradeço pelo interes-
se em participar da banca examinadora desta tese. 
Agradeço em especial a Rosa Cordeiro que soube me aconselhar em 
momentos decisivos a prosseguir na Antropologia.  Sua eficiência e generosi-
dade não têm preço. 
 6
Aos  funcionários  do  Programa  Avá-Canoeiro,  entre  outros  “avá-
canoeiristas”, indigenistas e pesquisadores agradeço pelo profissionalismo com 
que me receberam, apoiaram e incluíram no difícil trabalho de assistir aos avá-
canoeiros e pensar sua realidade problemática.  Entre estes incluo: Walter 
Sanches, Renato Sanchez, Luciano Pequeno, Sebastião Pereira dos Santos, 
Antônia Maria, Adriano, Reginaldo, Zequinha, Elismar, Lena Dias Tosta, Dulce 
Pedroso e Esther Silveira. 
  Ao Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sou 
grato pela bolsa, taxa de bancada e recursos dos editais universais que possi-
bilitaram não somente minha manutenção nos últimos quatro anos como tam-
bém viabilizaram a pesquisa de campo, aquisição de materiais, livros e recur-
sos para a elaboração da tese.  Contribuiu do mesmo modo o Departamento de 
Antropologia com o “mini-auxílio” para pesquisa concedido em 2003.  À Univer-
sidade Católica de Brasília sou grato pela concessão da licença que possibili-
tou a tranqüilidade necessária para levar adiante um projeto de pesquisa livre 
do temor do desemprego. 
   
 
 7
A Stephen Grant Baines. 
Por seu trabalho, orientação e amizade. 
 
 
 8
Cativar: 1 tornar(-se) cativo; prender(-se) física 
ou  moralmente  a;  sujeitar(-se)  2  guardar  em 
seu poder; reter, conservar 3 obter a simpatia 
ou o amor de; seduzir; atrair 4 ficar encantado 
com; enamorar-se, apaixonar-se. 
 
Dicionário eletrônico Houaiss da língua portu-
guesa, Versão 1.0, Dezembro de 2001. 
 
 
 
A identificação do herói-civilizador com o intruso 
branco salta aos olhos, sendo confirmada, aliás, 
pelo nome de Maira, que os tupinambás davam 
aos conquistadores. 
 
Alfred  Métraux.    A  religião  dos  Tupinambás.  
1979 [1925], p. 11. 
 
 
 
 9
ÍÍNNDDIICCEE  
 
RReessuummoo..............................................................................................................................................................................................................................................................................  
AAbbssttrraacctt..............................................................................................................................................................................................................................................................................  
RReessuummee............................................................................................................................................................................................................................................................................  
AAggrraaddeecciimmeennttooss..................................................................................................................................................................................................................................................  
DDeeddiiccaattóórriiaa................................................................................................................................................................................................................................................................  
EEppííggrraaffeess......................................................................................................................................................................................................................................................................  
ÍÍnnddiiccee  ddaass  iilluussttrraaççõõeess..............................................................................................................................................................................................................................  
CCoonnvveennççõõeess..........................................................................................................................................................................................................................................................  
AApprreesseennttaaççããoo::  
  
CCaappííttuulloo  11  --  AA  ssoobbrreevviivvêênncciiaa  aavváá--ccaannooeeiirroo............................................................................................................................................................  
  
IInnttrroodduuççããoo::  
  
CCaappííttuulloo  22  --  FFaannttaassiiaass  iinnddiiggeenniissttaass  ccoomm  ccoossttuurraass  aannttrrooppoollóóggiiccaass....................................................................................  
CCaappííttuulloo  33  --  AA  rreecciipprroocciiddaaddee  ddoo  ppooddeerr........................................................................................................................................................................  
  
PPaarrttee  II::  PPaassssaaddoo  
  
CCaappííttuulloo  44  --  RReeppeennssaannddoo  oo  ccoonnttaattoo................................................................................................................................................................................  
CCaappííttuulloo  55  --  AA  oobbsseessssããoo  ppeelloo  ccoonnttaattoo..........................................................................................................................................................................  
CCaappííttuulloo  66  --  SSoobb  oo  ssiiggnnoo  ddaa  ttuutteellaa....................................................................................................................................................................................  
PPaarrttee  IIII::  PPrreesseennttee  
  
CCaappííttuulloo  77  --  AAss  ffoorrmmaass  ttuutteellaarreess  ddaa  vviiddaa  ccoottiiddiiaannaa................................................................................................................................  
CCaappííttuulloo  88  --  OO  ccoommpplleexxoo  ttuutteellaarr  nnaa  ffoorrmmaaççããoo  ddoo  íínnddiioo....................................................................................................................  
CCaappííttuulloo  99  --  AAss  pprrááttiiccaass  ccoottiiddiiaannaass  ddaa  vviiddaa  ttuutteellaaddaa..........................................................................................................................  
PPaarrttee  IIIIII::  FFuuttuurroo  
  
CCaappííttuulloo  1100  --  OO  nnoovvoo  ppaaccttoo::  AA  ccoonncceeppççããoo  eemmpprreessaarriiaall  ddee  iinnddiiggeenniissmmoo  ee  aa  rreessppoonnssaabbiilliiddaaddee  
aannttrrooppoollóóggiiccaa................................................................................................................................................................................................................................................  
  
BBiibblliiooggrraaffiiaa  ....................................................................................................................................................................................................................................................  
  
AAnneexxooss  
  
II..  PPrrooggrraammaa  AAvváá--CCaannooeeiirroo  ddoo  TTooccaannttiinnss  ––  PPAACCTTOO  ((vveerrssããoo  iinnffoorrmmaattiivvaa))..............................................................  
IIII..  CCrroonnoollooggiiaa  ddoo  ccoonnttaattoo  aavváá--ccaannooeeiirroo....................................................................................................................................................................  
FFoottooss..............................................................................................................................................................................................................................................................................  
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Description:CATIVANDO MAIRA. A SOBREVIVÊNCIA AVÁ-CANOEIRO NO ALTO RIO TOCANTINS. Tese elaborada com vistas à obten- ção do título de Doutor