Table Of ContentOS DISCURSOS EPIDÍCTICOS DE PAULO DE TARSO
NO LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
- Tradução e Comentários -
LUCIENE DE LIMA OLIVEIRA
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Letras Clássicas da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de Doutor em
Letras Clássicas.
Orientador: Prof. Dr. Auto Lyra Teixeira
Rio de Janeiro
2 de Fevereiro de 2016
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Oliveira, Luciene de Lima.
Os Discursos Epidícticos de Paulo de Tarso no Livro dos Atos dos
Apóstolos – Tradução e Comentários / Luciene de Lima Oliveira. Rio de
Janeiro: UFRJ / Faculdade de Letras, 2016.
xi. 429 f; 31 cm.
Orientador: Prof. Dr. Auto Lyra Teixeira
Tese (Doutorado) - UFRJ / Faculdade de Letras / Programa de Pós-Graduação
em Letras Clássicas, 2016.
Referências Bibliográficas: f. 402-423
1. Retórica. 2. Atos dos Apóstolos. 3. Apóstolo Paulo. 4. Discursos Paulinos.
5. Grego Koiné. I. TEIXEIRA, Auto Lyra. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras
Clássicas. III. Título.
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Os Discursos Epidícticos de Paulo de Tarso
No Livro dos Atos dos Apóstolos
- Tradução e Comentários –
Luciene de Lima Oliveira
Orientador: Professor Doutor Auto Lyra Teixeira
Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas
da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do título de Doutor em Letras Clássicas.
Examinada por:
_______________________________________________________
Presidente, Professor Doutor Auto Lyra Teixeira – UFRJ/PPGLC
_______________________________________________________
Professora Doutora Shirley Fátima Gomes de Almeida Peçanha - UFRJ/PPGLC
_______________________________________________________
Professora Doutora Tânia Martins Santos - UFRJ/PPGLC
_______________________________________________________
Professora Doutora Dulcileide Virginio do Nascimento Braga - UERJ
_______________________________________________________
Professor Doutor Amós Coêlho da Silva - UERJ
_______________________________________________________
Professor Doutor Ricardo de Souza Nogueira - UFRJ/PPGLC (Suplente)
_______________________________________________________
Professora Doutora Márcia Regina de Faria da Silva – UERJ (Suplente)
Rio de Janeiro
2 de Fevereiro de 2016
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OS DISCURSOS EPIDÍCTICOS DE PAULO DE TARSO
NO LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
- Tradução e Comentários -
Luciene de Lima Oliveira
Orientador: Professor Doutor Auto Lyra Teixeira
Resumo da Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Letras Clássicas (Culturas da Antiguidade Clássica) da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor
em Letras Clássicas.
O corpus dessa pesquisa são os quatro discursos epidícticos em Antioquia da Pisídia
(At 13. 14-41), em Listra para a multidão (At 14. 14-18), no Areópago de Atenas (At 17.
22-34) e nas escadarias da Fortaleza Antônia em Jerusalém (At 21. 40; 22. 1-24) atribuídos
a Paulo de Tarso, mais conhecido como apóstolo Paulo, nascido, provavelmente, entre os
anos 1 e 5 d.C., na cidade de Tarso, na Cilícia (Ásia Menor). Ao anunciar a nova crença em
sua jornada missionária, Paulo, antes perseguidor implacável dos seguidores de Jesus,
pronunciou muitos e variados discursos, diante de públicos bastante heterogêneos, não só
para difundir os seus ideais, mas também para participar de debates ou mesmo se defender
de acusações religiosas e políticas que lhe iam sendo impostas. Assim é que o objetivo da
presente pesquisa é verificar, nesses discursos, como Paulo utiliza os recursos retóricos,
levando também em consideração tanto o cenário (quadro espacial) quanto o momento
(quadro temporal) onde se inserem esses quatro discursos em os Atos dos Apóstolos. Nesse
sentido, o enfoque é pragmático, pois busca considerar o uso da língua em seu contexto,
numa abordagem interacional centrada na análise do discurso, partindo do pressuposto (a
hipótese) de que é possível a aplicação de conceitos aristotélicos no estudo dos discursos
paulinos como eles aparecem no texto em questão. É importante ressaltar também que, não
obstante o livro dos Atos tenha sido escrito em um idioma não mais falado, o chamado
dialeto comum, ou seja, o grego koiné, os excertos tomados como objeto de estudo ainda
fazem ressoar a oralidade característica das práticas oratórias tão marcantes na Antiguidade.
Palavras-chave: Atos dos Apóstolos, Retórica, Apóstolo Paulo, Discursos Paulinos,
Grego Koiné.
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OS DISCURSOS EPIDÍCTICOS DE PAULO DE TARSO
NO LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
- Tradução e Comentários -
Luciene de Lima Oliveira
Orientador: Professor Doutor Auto Lyra Teixeira
Abstract da Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Letras Clássicas (Culturas da Antiguidade Clássica) da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor
em Letras Clássicas.
The corpus of this research includes the four epideictic speeches attributed to
Paul/Saul of Tarsus: in Antioch in Pisidia (At 13. 14-41), in Lystra to the crowd (At 14.
14- 18), in the Areopagus of Athens (At 17. 22-34) and in the staircases of Antonia Fortress
in Jerusalem (At 21. 40; 22. 1-24. When announcing his new belief in his missionary
journey, the apostle Paul, who had been relentless persecuter of Jesus followers, uttered
several and varied speeches, before a very heterogeneous audience, not only to disseminate
his ideals, but also to participate in debates or even defend himself from religious and
political imposed allegations. Thus, the objective of the present research is to verify, in
these speeches, how Paul uses rethorical resources, taking into account both the scenery
(the spatial context) and the moment (temporal context) in which the speeches attributed to
him are located in the Acts of the Apostles. In this direction, the approach adopted is
pragmatic because it seeks regarding the use of the language in its context, in an
interactional approach focused on the analysis of the speech, on the assumption
(hypothesis) that the usage of aristotelic concepts in the study of Paul‘s speeches as they
appear in the text at hand. It is important to underline that, even though the Acts of the
Apostles was written in a language not spoken anymore, the so-called common dialect, in
other words, Koine greek, the excerpts chosen as objects of analysis still continue to
resonate the oral tradition.
Keywords: Acts of the Apostles, Rethoric, Apostle Paul, Paul's speeches, Koine Greek
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Dedico este trabalho ao *Agnwvstw/ Qew/,~ ao ―Deus
Desconhecido‖, a quem os gregos antigos veneravam
mesmo sem conhecê-Lo (At 17. 23) e ao QeonV
Zw~nta, ao ―Deus Vivo‖, que criou o céu, a terra, o
mar e todas as coisas existentes neles (At 14. 15).
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Ao *Agnwvstw/ Qew~/, ao ―Deus Desconhecido‖, e Zw~nta,
―Vivo‖, fonte de todo poder, de sabedoria e de inspiração,
que renovou minhas forças a cada dia.
Ao meu precioso e digníssimo orientador, Professor Doutor
Auto Lyra Teixeira, pela confiança depositada em mim de
me orientar, de modo muito atencioso, nessa ―odisseia
paulina‖, pelos conselhos sempre enriquecedores e pelo
carinho com que sempre me tratou como sua orientanda. O
senhor é o máximo!
À Profª. Titular Drª Nely Pessanha, minha orientadora no
Mestrado e um paradigma de profissional na área de Letras
Clássicas. Às Professoras Doutoras Shirley F.G. de A.
Paçanha e a Tânia Martins Santos pelos conhecimentos
transmitidos nas aulas de Pós-Graduação em Letras
Clássicas/UFRJ tanto no mestrado quanto no doutorado e
pelas palavras de incentivo para a elaboração dessa tese.
Às Professoras Doutoras e colegas de trabalho do Instituto
de Letras da UERJ: Dulci Nascimento, Elisa Brandão e
Fernanda Lima pelos conhecimentos transmitidos na
graduação em Letras (Português-Grego) na UERJ, quando
eu era ainda uma simples iniciante nas Letras Clássicas, e
pelo incentivo para eu me aprimorar nessa área tão magnífica.
Ao Professor Doutor Amós Côelho da Silva que,
gentilmente, aceitou o convite para participar de minha
banca examinadora.
Para a minha família, em especial, à minha mãe Altair, ao
meu pai, Sebastião, aos meus irmãos Luciana, Tânia e
André, aos meus cunhados Wanderson e Marina e aos meus
sobrinhos Lord, André Felipe, Lucas e Dominique pelo
incentivo, pelo apoio incondicional, pelas orações em meu
favor e pela presença constante em minha vida.
Ao meu primo Júlio Andrade que atendia aos meus
pedidos, quando eu falava: ―primo Júlio, preciso rir‖.
Aos a*gaphtoi~ fivloiaos"queridos amigos", de jornada
nas Letras Clássicas: Simone Bondarczuk e Brian Kibuuka
pelas brilhantes referências bibliográficas e pelas palavras
abençoadas de ânimo.
Aos professores e tradutores: Nathália Gouvêa (inglês),
Wallace Anderson (hebraico), Allan Phillip (latim) e
Marcos André (latim) pelos serviços prestados na língua
inglesa, hebraica e latina.
A todos vocês o meu eterno agradecimento e estima...
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SINOPSE
Tradução dos quatro discursos epidícticos paulinos
reproduzidos por Lucas, o narrador primário do Livro dos
Atos dos Apóstolos. O grego koiné. Considerações sobre a
escritura lucana. Abordagem espacial-temporal e suas
correlações com os discursos do apóstolo Paulo.
Levantamento e análise dos recursos retóricos do apóstolo
empregados em seus discursos. Mapas das viagens
missionárias onde se inserem os discursos estudados.
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253 (...) ou*deVn tw~n a!llwn zwvwn diafevromen, a*llaV pollw~n kaiV tw~/ tavcei kaiV
th~/ r&wvmh/ kaiV tai~ a!llai eu*porivai katadeevsteroi tugcavnomen o!nte: 254
e*ggenomevnou d’ u&mi~n tou~ peivqein a*llhvlou kaiV dhlou~n proV h&ma~ au*touV
periV w%n a#n boulhqw~men, ou* movnon tou~ qhriwdw~ zh~n a*phllavghmen, a*llaV
kaiV sunelqovnte povlei w*/kivsamen kaiV novmou e*qevmeqa kaiV tevcna eu@romen,
kaiV scedoVn a@panta taV di’ h&mw~n memhcanhmevna lovgo h&mi~n e*stin o&
sugkataskeuavsa. 255 ou%to gaVr periV tw~n dikaivwn kaiV tw~n a*divkwn kaiV
tw~n kalw~n kaiV tw~n ai*scrw~n e*nomoqevthsen, w%n mhV diatacqevntwn ou*k a#n
oi%oiv t’ h^men oi*kei~n met’ a*llhvlwn. touvtw/ kaiV touV kakouV e*xelevgcomen kaiV
touV a*gaqouV e*gkwmiavzomen. diaV touvtou touV t’ a*nohvtou paideuvomen kaiV
touV fronivmou dokimavzomen: toV gaVr levgein w& dei~ tou~ fronei~n eu^
mevgiston shmei~on poiouvmeqa, kaiV lovgo a*lhqhV kaiV novmimo kaiV divkaio
yuch~ a*gaqh~ kaiV pisth~ ei!dwlovn e*sti. 256 metaV touvtou kaiV periV tw~n
a*mfisbhthsivmwn a*gwnizovmeqa kaiV periV tw~n a*gnooumevnwn skopouvmeqa:
tai~ gaVr pivstesin, ai% touV a!llou levgonte peivqomen, tai~ au*tai~
tauvtai bouleuovmenoi crwvmeqa, kaiV r&htorikouV meVn kalou~men touV e*n tw~/
plhvqei levgein dunamevnou, eu*bouvlou deV nomivzomen oi@tine a#n au*toiV proV
au&touV a!rista periV tw~n pragmavtwn dialecqw~sin. 257 ei* deV dei~ sullhvbdhn
periV th~ dunavmew tauvth ei*pei~n, ou*deVn tw~n fronivmw prattomevnwn
eu&rhvsomen a*lovgw gignovmenon, a*llaV kaiV mavlista crwmevnou au*tw~/ touV
plei~ston nou~n e!conta (ISOCRATES. Antidosis, 253-257).
253 (...) nenhuma das outras coisas nos diferenciam dos animais, mas
somos inferiores a eles em muitas coisas: quanto à rapidez, quanto ao vigor
e quanto às outras comodidades. 254 Ora, somos inatos pelo fato de nos
convencermos uns aos outros e de mostrar a nós mesmos a respeito dessas
coisas, que deliberamos. Não somente fomos libertos da vida selvagem,
mas também, quando (nos) reunimos, edificamos cidades, estabelecemos
leis, descobrimos artes e as coisas que foram imaginadas por nós; a palavra
é, para nós, aquela que (nos) auxilia, de perto, a tudo. 255 Pois essa
(palavra) deu leis tanto às coisas justas quanto às injustas; tanto às coisas
boas quanto às vergonhosas, das quais, se não tivesse sido ordenada, não
seríamos capazes de habitar em sociedade. Com (a palavra), refutamos os
maus e elogiamos os bons. Através da palavra, instruímos os incultos e
provamos os sensatos. De fato, criamos a palavra como um sinal mais
importante que é necessário para a boa reflexão. E uma palavra verdadeira
tanto conforme a lei quanto conforme a justiça é imagem de uma alma
nobre e crível. 256 Com a palavra, também discutimos a respeito dos
assuntos duvidosos e investigamos a respeito dos assuntos desconhecidos.
Quanto às crenças, as quais, quando falamos, persuadimos os outros,
necessitamos dessas mesmas (crenças), quando deliberamos e chamamos
retóricos aqueles que são capazes de falar à multidão, mas consideramos
aqueles que discutem, muito bem, com eles mesmos, a respeito das
atividades. 257 Em resumo: se é necessário (expor) sobre o poder desta
palavra, reconheceremos que nada, que foi terminado por meio da
inteligência, foi feito em silêncio, mas também (quanto mais) formos
possuidores da reflexão, temos (mais) necessidade dela (= da palavra).
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 12
2. TRADUÇÃO 32
3. ASPECTOS GERAIS DA RETÓRICA 41
4. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
4.1 A Arte Retórica Aristotélica 58
4.2 Enfoques Teóricos da Narratologia 83
5. O LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
5.1 Breve Histórico da Língua Original 94
5.2 A Narratologia nos Atos dos Apóstolos 117
5.3 A Localização Espacial e Temporal dos Discursos Paulinos 151
6. OS DISCURSOS PAULINOS
6.1 Os Discursos Epidícticos 179
6.1.1 O Discurso na Sinagoga em Antioquia da Pisídia
- Notas Introdutórias 179
- Comentários 180
6.1.2 O Discurso em Listra para a Multidão
- Notas Introdutórias 224
- Comentários 235
6.1.3 O Discurso no Areópago de Atenas
- Notas Introdutórias 251
- Comentários 263
Description:Fontes Apócrifas – ―Apocalipse de Paulo‖ (século III-IV), ―O Martírio de Tendo por referência os itinerários relatados no livro dos Atos, Hock