Table Of ContentRECREIO ALTERNATIVO
Joscilaine de Souza 1
Flávia Ângela Servat2
Secretaria de Estado da Educação do Paraná
Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE
RESUMO: Implementar o esporte como prática pedagógica, é uma forma de integrá-lo aos objetivos da
educação, de usufruir de sua popularidade para fins educativos e de articulá-lo, em prol dos interesses
próprios do contexto onde está inserido. Sendo assim, foi utilizado o esporte para orientar/ofertar
atividades durante o recreio, de forma a contribuir efetivamente com a escola e com a minimização dos
“problemas disciplinares” ocorridos neste período. Apresentar essa alternativa de utilização do esporte
durante o recreio estabeleceu o tempo de recreio não como algo tomado pelo ócio e pela indisciplina; foi
uma maneira de investir em estratégias que subsidiam a educação integral e estimulam a participação em
atividades atrativas, que dinamizam, ressignificam o esporte e o recreio, visando desenvolver a cultura
corporal e a formação de valores, bem como se trabalhou com uma opção de lazer que possibilitou um
agir pedagógico e fomentou, de forma coerente, todo potencial educativo da Educação Física.
PALAVRAS CHAVE: esporte, educação, recreio, “problemas disciplinares”.
ABSTRAT: Implement the sport as a pedagogical practice is a way to integrate it with the objectives of
education, to enjoy his popularity as an educational and articulate it in the interests of their own context
where it operates. Thus was used to guide the sport / offer activities during recess, in order to contribute
effectively to the school and the minimization of "disciplinary problems" during this time.
Presenting this alternative use of recreational sports for the set time for pleasure, not as something taken
by idleness and undisciplined, it was a way to invest in strategies that support the comprehensive
education and encourage participation in activities attractive, that streamline and redefine the sport and
recreation, to develop culture body and the formation of values and how you worked with a choice of
leisure that enabled a pedagogical act and promoted consistently, all the educational potential of Physical
Education.
KEYWORDS: sport, education, recreation, "disciplinary problems".
INTRODUÇÃO
Tendo como premissa que, o esporte também educa e que não está
inserido na educação apenas com a finalidade de servir a fins competitivos,
mas com a ampla função de desenvolver a cultura corporal, de construir no
homem uma nova visão de esporte, de sociedade e de lazer, visando o
desenvolvimento de valores que contribuam efetivamente para sua formação;
buscou-se através de metodologias diferenciadas, reinventar o esporte escolar,
1 Professora PDE do Col. Est. Professor Amarílio, Educação Física e Pedagogia, especialista em
Fundamentos da Educação.
2 Especialista em Educação Inclusiva. Professora da Universidade Estadual do Centro Oeste –
UNICENTRO e Faculdades Guairacá.
canalizando pedagogicamente seus objetivos para a contextualização, bem
como oportunizando a participação de todos os alunos.
Assim, durante o primeiro semestre de 2009 foi desenvolvido no
Colégio Estadual Professor Amarílio, Guarapuava/Pr, com os alunos das 7ª e
8ª séries, atividades esportivas direcionadas, pois esta pesquisa questiona se o
recreio dirigido através de jogos esportivos contribuiu ou minimizou os
“problemas disciplinares” durante o recreio?
Essa proposta de recreio alternativo visou proporcionar a recriação e
reelaboração de “regras” condizentes com a realidade vivida; incentivando a
prática de vivencias recreativas, cooperativas, buscando a coletividade, a
autonomia e a integração dos alunos, estimulando a criação de valores morais
e sociais (através do esporte) contrapondo-se a indisciplina e resgatando o
recreio como tempo produtivo, interativo e socializador.
Fazer uso do esporte como pratica pedagógica, foi uma forma de
integrá-lo com os objetivos da educação e do Projeto político pedagógico, de
explorar seus diversos sentidos e de usufruir de sua popularidade para fins
educativos, podendo assim desenvolver uma análise comparativa
comportamental da proposta para verificar se esta forma de atividade durante o
recreio, realmente contribui com a escola minimizando os “problemas
disciplinares” ocorridos neste período. Uma vez que, o recreio deve ser
concebido como um momento de descontração, de ludicidade, de socialização
e de aperfeiçoamento do desenvolvimento intelectual, sócio-cultural, afetivo e
psicomotor dos alunos; como um momento de interação onde deveriam se
desenvolver atitudes construtivas e não um momento a ser utilizado de forma
inadequada.
Portanto, mesmo que este tenha sido utilizado como uma ferramenta
para minimizar outros problemas, é fundamental que sua pratica não seja
encarada como um fator regulador de comportamentos, mas sim como uma
opção de lazer que possibilita um agir pedagógico sobre o problema da
indisciplina, evidenciando de forma coerente o seu potencial educativo,
formativo e social.
METODOLOGIA
A metodologia desta pesquisa foi embasada no método de pesquisa
ação, que é um método intervencionista, ou seja, permite ao pesquisador testar
hipóteses, implementando mudanças que atuarão diretamente no problema
levantado, usando suas ações aplicadas para diagnosticar problemas e
procurar soluções. Lakatos, et all (2007); Fazenda (2001) e Lüdke (1986). Foi
uma atividade de natureza aplicada, que visa gerar conhecimentos para a
aplicação pratica e solucionar problemas; quanto ao objetivo é descritiva,
envolvendo técnicas de coleta de dados como questionários e observação para
descrever características das variáveis pesquisadas; o método utilizado foi o
direto e sua abordagem de resultados mensura-se de forma qualitativa.
A amostra desta pesquisa foi selecionada no Colégio Estadual
Professor Amarílio, Guarapuava/Pr, envolvendo 6 turmas de 7ª e 8ª séries do
Ensino Fundamental, num total de 193 alunos envolvidos.
Estiveram envolvidos professores, equipe pedagógica, funcionários e
alguns pais de alunos que participaram direta e indiretamente das ações de
implementação e da coleta de dados, realizada através de questionários e
fichas de observação.
Os procedimentos usados nesta pesquisa partiram da fundamentação
teórica, ou revisão bibliográfica, elaboração do projeto de pesquisa, material a
ser utilizado; as estratégias utilizadas embasaram-se em três momentos
distintos: a intervenção, que caracterizou o método de pesquisa ação, a coleta
de dados e a análise de dados discutidos com embasamento nos referenciais
teóricos que subsidiaram o projeto.
A intervenção iniciou-se com a apresentação do projeto na semana
pedagógica a equipe pedagógica do colégio e posteriormente, aos alunos;
dando seqüência foi feito a instrumentalização dos monitores (8ª séries),
através de aulas expositivas sobre organização esportiva; a pesquisa orientada
desenvolvida com os alunos para escolha do esporte a ser contemplado no
primeiro momento; foi possível então dar inicio as atividades praticas como as
inscrições dos alunos na atividade; o fórum de regras (onde foram discutidas e
elaboradas regras condizentes com o contexto); elaboração de um material
escrito para nortear a atividade, contendo os resultados do fórum; após foi feito
a divulgação da organização esportiva a ser utilizada e teve início a atividade
alternativa.
Os registros de resultados eram feitos diariamente através de fichas de
observação, pré-elaboradas, visando à avaliação e a realimentação do
processo, se fosse necessário; a avaliação de resultados desenvolvida com os
alunos, equipe pedagógica, professores, funcionários e pais foram feitos
através de questionários aplicados no final da atividade (fim do primeiro
semestre). Esses questionários continham questões como a participação
efetiva no projeto, consideração da atividade como excelente, boa ou ruim,
participação coletiva, avaliação se o recreio melhorou ou não, destaque dos
pontos positivos e negativos da atividade, contribuição ou não com a educação
escolar, se as atividades esportivas apenas estimulam a competição ou tem
outras qualidades que podem ser desenvolvidas através dela e sugestões de
mudanças.
Os dados levantados através das fichas de observação e dos
questionários serão usados como base para a discussão e descrição do artigo,
pois elas oferecem os subsídios necessários para que se chegue a uma
conclusão se o objetivo da implementação foi atingido ou não; destaca-se que
o questionário é um conjunto de questões feito para gerar dados necessários
para fazer uma analise de um projeto e deve conter perguntas abertas e
fechadas, elaboradas de forma clara e objetiva, visando sempre retirar dos
participantes informações relevantes para sua analise.
Assim toda coleta de dados foi centrada e adequada ao tipo de
pesquisa desenvolvida, pois isso facilita a interpretação dos dados juntamente
com a fundamentação teórica que permite realizar um paralelo entre teoria e
pratica.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Retomar a discussão sobre o esporte, sua função, objetivos,
metodologia, etc, seria recorrente, uma vez que encontramos uma vasta
bibliografia que defende o uso do esporte na educação física escolar e outras
que condenam, ou seja, posições antagônicas não iriam enriquecer mais a
discussão.
É preciso buscar não posicionamentos teóricos sobre este tema, mas
soluções úteis uma vez que temos consciência de que o esporte é algo muito
presente em nosso contexto. Cabe aos profissionais de educação física nortear
uma proposta que faça uso deste recurso de maneira pedagógica, e como cita
Kunz (1989,p.69) “O esporte por si só não é considerado educativo, a menos
que seja “pedagogicamente transformado”, transformá-lo é uma tarefa que
envolve aspectos históricos e sociais da cultura corporal, que devem ser
trabalhados através de múltiplas vivências e de ações que visem dimensões
educativas embasadas em concepções criticas, permitindo a compreensão de
sua amplitude e de diferentes conceitos, através de estratégias pedagógicas
que fomentem seu real sentido de esporte escolar contemplado nas Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná.
Trabalhar com os valores incutidos no esporte como o competir, é uma
forma de reverter este valor em situações de cooperação que estabeleçam um
aprendizado consciente dos valores que o esporte escolar deve trabalhar para
a formação integral do educando. Oportunizar uma forma de diferenciação do
esporte escolar e do esporte profissional ou competitivo é uma maneira de
permear a questão da competição que esta inclusa em nosso meio e
independe da intervenção do professor ou do orientador.
Analisando esta questão, do ponto de vista metodológico, a competição
incutida no esporte não traz benefícios aos alunos, mas o seu uso for
direcionado para outros fins que não seja a competição, esta começa a ser
uma conseqüência natural do processo educativo, pois quase todos os jogos
populares têm neles o “princípio da competição”, bem como fins pedagógicos
voltados para desenvolvimento integral do educando; assim, se o trabalho for
direcionado, com objetivo definidos e bem planejados, pode-se oportunizar
reflexões que contribuam efetivamente com a construção de novos
conhecimentos, que servirão de alicerce para sua formação enquanto ser
social.
Portanto, a implementação de um projeto voltado para o uso do esporte
com a finalidade de direcionar atividades no recreio vem enriquecer este
momento escolar, fazendo dele um momento de descontração e prazer e como
relata a o Coletivo de autores (1992): o esporte também educa e que não está
inserido na educação apenas com a finalidade de servir a fins competitivos,
mas com a ampla função de desenvolver a cultura corporal (DCEs, 2008), de
construir no homem uma nova visão de esporte, de sociedade e de lazer,
visando o desenvolvimento de valores que contribuam efetivamente para sua
formação, é necessário buscar através de metodologias diferenciadas,
reinventar o esporte escolar, canalizando pedagogicamente seus objetivos para
a contextualização, bem como oportunizar a participação de todos os alunos,
desmistificando e dando novos significados ao esporte e retirando proveito
daquilo que contribui efetivamente com o educando; pode-se fazer uso deste
na escola de forma a atender as necessidades da mesma, sem que isso torne-
se um empecilho a educação formal do educando.
Com esta base, teve inicio a implementação do Projeto Recreio
alternativo no Colégio Estadual Professor Amarílio, em fevereiro de 2009; com
o objetivo de oportunizar a pratica de atividades esportivas durante o período
do recreio, proporcionando lazer e contribuindo para minimizar problemas
disciplinares, promovendo o desenvolvimento integral do educando. Mais
especificamente, visando proporcionar a discussão e implementação do recreio
alternativo, recriando e elaborando “regras” condizentes com a realidade vivida;
incentivar a prática de vivencias recreativas, cooperativas, socializadoras,
buscando o desenvolvimento da coletividade, da autonomia e a integração dos
alunos; estimular a criação de valores morais e sociais, através do esporte;
proporcionar aos alunos momentos de lazer e descontração para contrapor a
indisciplina; estimular a conservação do espaço e do material escolar; resgatar
o recreio como tempo produtivo, interativo e socializador; auxiliar os alunos na
auto-organização e gerenciamento de responsabilidades.
Santin (1994) destaca em seus escritos que as atividades corporais
devem exercitar a criatividade, a liberdade, a alegria e o bem estar através do
jogo e do esporte.
A apresentação do projeto aos professores e equipe pedagógica
decorreu de forma tranqüila, foi muito bem aceito e o grupo acolheu a idéia
acreditando que irá auxiliar muito no direcionamento do recreio. O mesmo
entusiasmo foi manifestado pelos alunos, que não foram comunicados
diretamente sobre a intenção exclusa de resolver problemas disciplinares no
recreio, mas que teriam uma atividade alternativa no período do recreio que
como estabelece Betti (1991), o aluno deve ser instrumentalizado para usufruir
dos jogos, esportes, etc. em benefício do exercício crítico da cidadania e da
melhoria da qualidade de vida.
Após esta etapa de explanação do projeto foi iniciado a
instrumentalização dos monitores (8ª séries), através de aulas expositivas
sobre organização esportiva; dar aos alunos a oportunidade de atuarem ou de
serem coadjuvantes de um projeto esportivo favorece não só sua formação
integral, mas estabelece vínculos maiores com a escola e com os próprios
colegas, estimulando a auto-estima, incentivando a cooperação e a auto
gestão. Propor a participação efetiva dos alunos é uma das formas de auxiliar
a atingir os objetivos do Projeto Político Pedagógico, que visa a formação
integral do aluno e como cita Libâneo (1987):
"Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do aluno para o
mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio
da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação
organizada e ativa na democratização da sociedade". (LIBÂNEO, 1987, p.30)
Assim, a Educação Física pode, cada vez mais, efetivar-se no
cotidiano escolar; utilizando de seus conteúdos para dar direcionamento a
atividades que contribuam e busquem solucionar problemas disciplinares
presentes na rotina escolar, bem como estimular a cooperação, ou seja, a
participação efetiva/cooperativa dos alunos nas atividades escolares.
A cooperação teve sua origem nas sociedades agrárias, que já a
utilizavam no trabalho e na produção, como uma ação de caráter coletivo. Em
civilizações diferentes podemos ver cooperação no sentido de trabalho coletivo,
e muitas propostas de cooperação (séc. XVII), preocupavam-se na
transformação da cultura social, uma vez que esta é ainda hoje compreendida
como uma forma de interação social. A cooperação é entendida, segundo
alguns educadores, como um dos fatores do desenvolvimento social, vinculada
às relações sociais vigentes em cada sociedade e pode ampliar espaços para
que os alunos inseridos nos processos educacionais participem ativamente da
construção de sua própria educação.
Num segundo momento, deu-se a instrumentalização dos alunos
através das aulas teóricas, que partiram da distinção entre esporte e jogo, da
compreensão de sua utilização enquanto esporte competição e esporte
escolar, do lazer e da profissionalização, das regras pré-estabelecidas e das
regras recriadas ou reelaboradas em prol de nosso contexto. Repassou-se
também a questão da organização esportiva, da diferenciação entre um torneio
e um campeonato, suas formas de organização – eliminatória, rodízio e/ou
sistema misto; bem como, a forma de anotação destas atividades (registro);
buscou-se ainda a escolha de uma forma de atividade onde o objetivo principal
fosse a participação e não a eliminação, optando-se pelo rodízio simples, onde
todos jogam com todos, independente do resultado.
Esta opção veio de encontro ao que o Coletivo de autores (1992)
propõe: que não basta que os conteúdos sejam ensinados, é preciso que
sejam significativos socialmente e trabalhados de forma a atender as
necessidades presentes no contexto e, uma vez que a Educação Física atual
visa desenvolver atividades que levem a problematização da realidade através
de conteúdos adaptados, como o esporte, que busca “resgatar valores que
privilegiem o coletivo sobre o individual, defendem o compromisso da
solidariedade e respeito humano...”(Coletivo de autores, p.71)
Após esta introdução, foi realizada uma diagnose com os alunos, ou
seja, uma pesquisa que permitisse escolher qual o esporte que seria
contemplado num primeiro momento, uma vez que pregamos a democracia,
nada mais democrático do que a escolha dos alunos, pois estes são os
principais envolvidos no projeto. Assim, traçando um perfil da preferência da
maioria dos alunos foi possível estabelecer metas claras e objetivas a serem
atingidas no primeiro semestre de 2009.
Relembrando, os princípios norteadores deste trabalho, no sentido
pedagógico, são: a valorização da participação dos alunos; o planejamento e a
tomada de decisão em grupo; a aplicação de conteúdos ligados ao contexto da
Educação Física; o resgate ou afirmação da auto-estima; a contribuição da
atividade física, de forma criativa e crítica para a solução de problemas
disciplinares ocorridos durante o recreio escolar.
Já os autores Bracht (1992) e Kunz (1991) vêem o esporte como
instrumento de socialização e de integração social, destacando que sua
influência na socialização tem um aspecto fundamental, pois o esporte além da
formação corporal e a iniciação desportiva, busca a socialização, o diálogo e a
igualdade de condições. E também que, através do esporte e dos jogos
esportivos e ou recreativos, é possível desenvolver o espírito de grupo e
companheirismo. O jogo/esporte coletivo ou em grupos/equipes possibilita
trabalhar e enriquecer valores como respeito ao adversário, solidariedade,
respeito às regras do jogo, igualdade de condições, cooperação, prazer e
alegria na realização da atividade (Bracht, 1992; Santin, 1994).
Bem como a disciplina e o respeito às regras, que se evidenciam na
socialização do jogo esportivo, o que favorece o convívio social e como
destaca Libâneo (1994): no contexto social, a vivência destes valores, torna-se
meio de orientação e conscientização dos alunos, quanto seus direitos e
deveres.
Dar aos alunos a oportunidade de vivenciar práticas esportivas
embasadas em valores democráticos, proporciona condições de participação
diferenciadas, onde são responsáveis por algo que lhes traz benefícios como a
melhora da auto-estima e da capacidade de comunicação, pois conseguem,
através destes trabalhos tornar a convivência prazerosa (Libâneo, 1994).
Dando continuidade ao processo, foram realizadas as inscrições das
equipes. Foram inscritos 6 equipes masculina e 5 femininas; estabeleceu-se
nomes diferenciados as equipes participantes através da escolha do grupo,
com orientação da madrinha da turma e pedagoga da escola. Algumas vezes
foi necessário intervir para que este nome de equipe tivesse sentido e não
fosse ofensivo, mas as orientações foram bem aceitas e o bom senso
prevaleceu.
O próximo passo foi o fórum de regras; um momento de discussão e
de estabelecer regras ou recriar regras de acordo com as necessidades do
contexto. Permitir que um grupo de alunos refletisse sobre as regras existentes
e adapte-as a sua realidade é uma das maneiras de tornar o esporte em
esporte escolar ou jogo esportivo; é uma maneira de estimular a criticidade e
como cita Libâneo (1994) devemos sempre que possível dar oportunidades aos
alunos de vivenciarem praticas democráticas, criticas e reflexivas pois estas
vivencias desenvolvem a auto-estima e a capacidade de comunicação.
Também sabemos que este tipo de pratica democrática está
diretamente ligado a função da escola na formação de futuros cidadãos e como
Bracht (1992) afirma, a escola não deve se eximir de sua função que é
modificar valores em sua prática educativa que estão presentes na sociedade.
Assim fazer uso do esporte para recriar situações que favoreçam o
desenvolvimento do aluno e seu bem estar físico e social é algo que ira
enriquecer infinitamente a formação integral do aluno.
As regras foram discutidas através de questionamentos feitos pelo
professor, pedagogo e também alunos, que através de suas vivencias puderam
contribuir com experiências negativas e positivas, levando-os a repensar
atitudes e valores estabelecidos pelo sistema e que não está em comunhão
com aquilo que esta sendo trabalhado na escola. No caso deste projeto o
esporte escolhido foi o futsal e com ele surgiram questões relativas ao tempo
de jogo, que foi adaptado ao recreio, tendo inicio com o apito do arbitro logo
após a chegada das equipes em quadra e o término quando tocar o primeiro
sinal que finaliza o recreio; quanto a saída da sala, ficou estabelecido que só
fosse permitida a saída dos participantes do dia, 5 minutos antes do horário
com a finalidade de lanchar, não prejudicando a alimentação dos mesmos; bem
como a não será permitida a entrada atrasado, pois o tempo entre o término do
jogo e o segundo sinal é suficiente para ir ao banheiro e recompor-se para
assistir aula.
Continuando a discussão chegou-se a conclusão de que em relação a
vestimenta não seria obrigatório o uso de uniforme apropriado; seria utilizado o
próprio uniforme da escola e coletes para distinção das equipes. A alteração na
tabela de jogo só seria feita com encaminhamento prévio ao coordenador do
projeto e avaliado juntamente com os representantes das equipes envolvidas;
em caso de necessidade de alteração da tabela devido a questões climáticas,
pedagógicas, etc; a alteração seria feita e justificada em edital pelo
coordenador do projeto e o referido jogo será colocado no fim da tabela.
Por sugestão dos alunos, a saída antecipada e sem autorização da
sala de aula deveria sofrer algumas advertências para que isto não viesse a
incomodar os professores de outras disciplinas, ficando estabelecido que na
primeira vez houvesse advertência verbalmente e registrado do ocorrido; na
reincidência: suspenso de um jogo e na segunda reincidência, eliminação do
campeonato; se for um aluno as penalidades se aplicam a ele, se for a equipe
toda será aplicada a equipe e se esta for suspensa de um jogo perde
automaticamente os pontos do jogo, que fica caracterizado como W x 0.
Description:“problemas disciplinares” ocorridos neste período. Apresentar essa alternativa de utilização do esporte durante o recreio estabeleceu o tempo de