Table Of ContentUNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA FÍSICA
O ESTRANGEIRO NO MUNDO DA GEOGRAFIA
Ângela Massumi Katuta
São Paulo
2004
O Estrangeiro no mundo da Geografia
Ângela Massumi Katuta
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA FÍSICA
O ESTRANGEIRO NO MUNDO DA GEOGRAFIA
Ângela Massumi Katuta
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Geografia Física, do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
para obtenção do título de Doutora em Geografia.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Elena Ramos Simielli
São Paulo
2004
Ângela Massumi Katuta
O ESTRANGEIRO NO MUNDO DA GEOGRAFIA
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia Física, do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
para obtenção do título de Doutora em Geografia.
___________________________________________
Orientadora: Profa. Dra. Maria Elena Ramos Simielli
Universidade de São Paulo
Membros da Banca:
2º Examinador: ______________________________________________________________
3º Examinador: ______________________________________________________________
4º Examinador: ______________________________________________________________
5º Examinador: ______________________________________________________________
São Paulo, ________, de ________________________________ de 2005.
Dedicatória
Aos meus PAIS
Aos meus irmãos
A Os Nossos Antepassados:
• Medardo di Terralba, Visconde Partido ao Meio, “[...] a aspiração a uma
completude para além das mutilações impostas pela sociedade [...]”.
• Cosme de Rondó, O Barão nas Árvores, “[...] um caminho para uma
completude não individualista a ser alcançada por meio da fidelidade a uma
autodeterminação individual [...]”.
• Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura,
O Cavaleiro Inexistente, “[...] a conquista do ser [...]”.
“[...] três níveis de aproximação da liberdade.”
In: CALVINO (1997, p. 19-20). Os Nossos Antepassados1: “[...] árvore
genealógica dos antepassados do homem contemporâneo, em que cada rosto oculta
algum traço das pessoas que estão a nossa volta, de vocês, de mim mesmo.”
1 Título da brilhante trilogia escrita por Ítalo Calvino (1997).
Agradecimentos
O presente trabalho expressa uma pequena parte de um conjunto de reflexões
que venho realizando há algum tempo, com muitas pessoas e nos mais variados fóruns,
desde as mesas dos botecos, conversas e encontros com amigos, passando por debates
em salas de aula, congressos e atividades acadêmico-científicas. Foram muitos os
sujeitos, vivos, mortos, (mais vivos que mortos e, também, mais mortos que vivos), que
em diferentes momentos e das mais diversas maneiras, na presença, na ausência, na
ausência-presença e na presença-ausência, participaram da tecedura e urdidura da
trama de idéias que ora apresento para apreciação e debate. Daí a impossibilidade da
realização de agradecimentos pontuais a cada uma das pessoas, pois, por mais que me
esforce, sempre alguém ficará fora da lista. Por isso, agradeço a todas as pessoas com
as quais tive o prazer da convivência: alunos, colegas de trabalho, amigos, familiares,
instituições e colegas próximos e distantes.
Contudo, algumas pessoas foram de fundamental importância para a finalização
do trabalho, a estas, o agradecimento nominal se faz mais do que necessário.
À orientadora Profa. Dra. Maria Elena Ramos Simieli, pela orientação, liberdade,
respeito e apoio nesse breve-longo processo que é o doutoramento.
Ao Douglas Santos grande mestre-amigo que, como talvez diria sua finada mãe,
realizou seu papel de interlocutor “bem bonitinho e direitinho”, “bonitinho porque
direitinho”; puxando a orelha quando necessário, calando em muitos momentos
(in)certos, instigando e provocando quando havia algo a ser pensado-dito.
Ao Ruy Moreira pelo auxílio providencial de um olhar distanciado para o
presente trabalho, necessário mas muitas vezes desconfortável, dado que é
exatamente esse movimento do conhecimento que nos faz enxergar nossas limitações-
desafios e promessas não cumpridas.
Aos meus pais, Katsuta-sam e Dona Catarina por todos os sacrifícios, bons e
maus momentos que a paternidade e a maternidade impõem por parte daqueles que as
assumem corajosamente ou mesmo pela força das circunstâncias. Pela estima e amor
expressos nas “caretices”, manias e exageros próprios de um PAI e uma MÃE para
uma filha, talvez difícil na maior parte das vezes...
Aos meus finados avós – Fussae Katsuta, Tami Hidaka e Teizuke Hidaka – pela
convivência, carinho, pelas doces e saudosas memórias de um passado que permanece
no presente: as vozes, as histórias, as lendas, os doces, as comidas, as flores, os
cheiros, as imagens de uma época de outrora... tão próximas, ao alcance de minhas
mãos e de meus sonhos que apenas uma concepção linear de história e euclidiana de
espaço pode concebê-las como distante.
Aos meus irmãos Regina (Nê), Paulo (Sukata) e Heltton (KBção) pelo sentido
concreto e afetivo da irmandade. Para Hiroshi, sobrinho e querido-furacão que me faz
pensar o quão inteligente são as crianças e que, na escola, deveríamos tentar
preservar sua costumeira vivacidade.
À Simone C. P. Déak pela força, pelo ouvido que, ao ser um sem número de vezes
alugado, transformou-se em um “orelhão” amigo e pelos momentos memoráveis de
nossas vidas: bons e ruins, mas todos eles dignos de muitos brindes, você “natureba”,
com suco, eu, com cerveja.
À Maria Antônia de Souza, cuja tenacidade sempre admirei, pelas discussões,
opiniões, broncas e os desafios colocados desde a graduação até hoje.
Ao Renatinho pela amizade livre, leve e solta... como todas devem ser.
Ao Cláudio Benito Oliveira Ferraz, vulgo Claudião, que, como diria um certo
filósofo, um geógrafo humano..., demasiadamente humano... Pelas conversas,
empréstimo e doação de materiais. Também agradeço a sua pequena-grande
companheira Flaviana, que sempre esteve junto nos muitos momentos de celebração da
vida nos botequins da vida.
Ao Benedito pela dedicação no tratamento das imagens, e Eleonora pela revisão
cuidadosa do trabalho.
Aos companheiros de trabalho: Edna, Eliane, Edílson, pelo prazer da amizade.
Aos meus alunos por retificarem, a cada ano, o quão foi acertada uma opção
feita nos idos de 1987, início de minha graduação. Hoje, acho que entendo o que o
sábio pedagogo queria dizer com a expressão “pedagogia da esperança”, outrora por
mim “entendida” como indicadora de um sentimentalismo exagerado.
À Universidade Estadual de Londrina-PR e, especificamente, ao Departamento
de Geociências, pela oportunidade única de afastamento das atividades docentes, em
um contexto de encurtamento dos direitos trabalhistas. À CAPES pela bolsa do
programa PICDT concedida no período.
Sem esses apoios materiais o presente estudo não se viabilizaria.
A todos os seres humanos com os quais vivi e convivi, aqueles que vi, li, ouvi e
aprendi algo, para o bem ou para o mal. Assim, os meus sentimentos mais profundos
são expressos por meio do eu-lírico do poeta:
Desejos
Disto eu gostaria:
ver a queda frutífera dos pinhões sobre o gramado
e não a queda do operário dos andaimes
e o sobe-e-desce de ditadores nos palácios.
Disto eu gostaria:
ouvir minha mulher contar:
- Vi naquela árvore um pica-pau em plena ação.
e não: - Os preços do mercado estão um horror!
Disto eu gostaria:
que a filha me narrasse:
- As formigas neste inverno estão dando tempo às flores,
e não: -Me assaltaram outra vez no ônibus do colégio.
Disto eu gostaria:
que os jornais trouxessem notícias das migrações dos pássaros
que me falassem da constelação de Andrômeda
e da muralha de galáxias que, ansiosas, viajam
a 300 km por segundo ao nosso encontro
Disto eu gostaria:
saber a floração de cada planta,
as mais silvestres sobretudo,
e não a cotação das bolsas
nem as glórias literárias.
Disto eu gostaria:
ser aquele pequeno inseto de olhos luminosos
que a mulher descobriu à noite no gramado
para quem o escuro é o melhor dos mundos
(Affonso Romano de Sant’Anna)
Disto eu gostaria:
ver que os mapas estão a fazer
uma outra cartografia
para ouvir dizer que há alma na geografia!
(Ângela Massumi Katuta, plagiadora por uma boa causa)
Dias de Luta
Só depois de muito tempo fui entender aquele homem
Eu queria ouvir muito mas ele me disse pouco
Quando se sabe ouvir
Não precisam muitas palavras
Muito tempo eu levei pra entender que nada sei
Que nada sei
Só depois de muito tempo comecei a entender
Como será meu futuro
Como será o seu
Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou o filho
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?
Se sou eu ainda jovem passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?
Só depois de muito tempo comecei a refletir
Nos meus dias de paz, nos meus dias de luta
Se sou eu ainda jovem passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?
O quê?
(Ira!)
Description:Medardo di Terralba, Visconde Partido ao Meio, “[] a aspiração a uma completude para além das mutilações impostas pela sociedade []”. • Cosme de Rondó, O Barão nas Árvores, “[] um caminho para uma completude não individualista a ser alcançada por meio da fidelidade a uma.