Table Of Content1 ,
DiversidadedeLeguminosaenascaatingasdeTucano,Bahia.
IMPLICAÇÕESPARAAFITOGEOGRAFIADOSEMI-ÁRIDODONoRDKSTEDOBRASIL1
Domingos Benício Oliveira Silva Cardoso™ & Luciano Pagamcci de Queiroz2
(RDeisveurmsiodadedeLeguminosaenascaatingasdeTucano,Bahia:implicaçõesparaaf_itogeograf_iad,osemi.-,an.do
do Nordeste do Brasil) A famflia Leguminosae é a mais diversa nas caatingas em termos de numero de
espécies,asquaisapresentamdiferentespadrõesdedistribuiçãogeográficaquetempermitidoinfenrrelações
raáfler2oeg0raií0sãs6otd,iodceaessreTeemuaniltc-iraázernaiddoidafocueobrmremaanstioaelnseoáiblárjirosee.eatsPid.aveorEassdittemeainalttvoara,ralibifdaaoalrrdhaaeomeasnrpitermraieellsiae2zrn4aitddáaaarsoedae1ls1feulveosaxrancinstutdraiosmcõeaoenestinnotpdrad.ereaaesesdnLseoeavsSgeducramareiaenntasiosensndgaaeeesaancu^aoutsmpoca*aama,tdeiednnttgoaou2ts(prdoaMasr
qUsmveueoP,egsGeptatoMrsaraAçcmoãa.uaoattFrdiioonomrgplasaoasermdmtodiâ,ae-nmácTcoruiosiactmdardonaooodéu,atucrssaoaopn7ssed4táseiraetuersuapmdíséaedcadigeeepessococargaplraedataruitflaneiosgnccaacablemilneeootntcmeatasseleiasdpztir4asuó1dtdxaiosngistemasnafsoeis,brt,roousengm.eãasooAugbrsrsoaetfralrinaaacácmtoliosioassnegeasrsrdeueadmpfeeaaolrJ'haJiçaramnemat'lseaasrs^h'o^TTbparJaoietesesss"reeJed_"sid.umeleqtnautdeoossa
arenosos e outraa áreas em solos derivados do embasamento cristalino.
Palavras-chave:Biogeografia,florestassecas,similaridadefloristica.
(reLgeigounmoifnoNsoarethdeiavsetrseimtyBrianzitlh)cLceagatuimnignaoosfaeTuicsatnheo,moBsathidai:veirmspelficaam.iiloynms ftohreca^ngabasedon thenu b
of species. These species show distinct pat.ems of geograph.c distnbut.on,
floristic relationshipsbetweendifferentareas.This paperpresenteafionst.csutr^ofthe
wtfhiaeeslcdpaterarit*pti1snogtroamnaetidn,Tueuscci.aanangtoSi„pnirgnaeonrssditeeernst,woseaí•rsnesdeecsxasra.rf.nlioredrwdiiUsoituPiitcpGrf.MrMoAAmrcJliuuXsstteerrn-ge The• surveyj i•dieanntiafliyesdis77o44fs«2pn4eeccciiaeeasstboienengliraooonanuergDicmcnagdes
ttoog4e1thgeernienrat.heDccslupsitteercalnoasleyrsipsr.oTxhiemiytwyeorfetgherocuapateidnwgiatahroetahserareasoicJaUCj g^k owingbonsimiiarsubstratthe.e
Thyhpeosteherseissultthsathsigehmlii-gahntdtvheegeitmaptoirotnainnccelu"dftsat^w)oC“d'is^tfinnccttbbiuoUis^n^reU^tosedimentary sand surfaces.
theotheronsoilsderived from the crystalline rock shield.
Keywords: Biogeography,dryforests,floristicsimilarity.
Introdução praticamente circundando toda a Chapada
As caatingas compreendem um tipo de cDaiaatmianngtaisnaf(oQrumeairroezmetuaml.d2o0s05)b.ioAmpaessarmadiass
edav(2mNseaoAx0agrbi0tceds’3áeateSr)nabasáe,satçtbaiiããeexnoooarcdgcsaooe,un1ssmB9poter7dranaa4ctidcsn)irsiel,doetlsinorpptm(ailrieaAbaicnnunqedsaeecurlremiect-ampcoasidaecse-lenoedmá-tbeeerLrrsnimeiaetrdlm8reaoaq0aseud0m1.daom.9aasN80ie1aa0oeRl;r0sttBetPioagptardhkaiudaiardmãodateo,o,eas2 eacNpúPoslmeoonttneuihãnacemeoiçanocnatsiegadadnttanooteontssrononebsd,ço,aãeoteotrsaasepnaseglóimai.mscaãaiop2tmtso0eneesr0enrtd6otsmu)teeiorr,sds(aovoGpeaiidtlculcealoeoaisnmrlesctitt(otzmaiJênautamsedantdeodazrralsoeve.dnacqe2oçe1u0bã90emnio82aod8)al;s.oes
A'Erstsiegotrraebcaelbhiodfooiermea0l8iz/a2d0o0c6.omAcaeuixtíolipoadroaCpuNbPlqicaatçrãaovéesmde_bo!sadeimciaç* científicaaoprimeiroautoredeprodutividade
TeJmnipveesrqsuiidsaade(PEqs2t)adauoalsedeguFnediora(dPeroScaenstsaonsa,3D0e1p4t8o8./d2e00C4i-t e.. t“ km03.BR 1 6,Campus,44031-460,Feirade
Santana,Bahia,Brazil.
'Autorparacorrespondência: [email protected]
ISciELO/ JBRJ
cm 12 13 14 15 16 17
Cardoso, D. B. O. S. & Queiroz, L P.
caatingassãoconstituídasporumafloraautóctone Sertaneja que inclui as áreas do pediplano do
ericaemtáxonsendêmicos(Prado 1991;Harley sertão central da Bahia (solos derivados do
1996;Giulietti etal. 2002;Queiroz2006a). embasamentocristalino).Alémdisso,elastêm
As caatingas podem ser caracterizadas, revelado uma diversidade florística
em geral, como florestas de porte baixo, relativamentealta,oqueviabilizaarealização
compreendendo principalmente árvores e deestudoscomparativos(Cardoso&Queiroz,
aerbmuisctroosfqiuleiag,ercalommentpereaspreensçeantdaem epslpainnthaoss dceosmsuansicdauçaãsoápreesassoael)a.nAálciosemspodseiçsãiomifllaorríisdtaidcea
suculentas e um estrato herbáceo efêmero, comoutrasáreasdecaatingapermitirãoavaliar
presente somente durante a curta estação seaproximidadegeográficaentreelasconduz
chuvosa. Algumas famílias, como àformaçãodeumconjuntoflorísticoúnicoou
Leguminosae,Euphorbiaceae, Bignoniaceaee se a composição de espécies está mais
Cactaceae são muito importantes por diretamente relacionada ao tipo de substrato.
representarem a maior parte da diversidade Dessa forma, será possível testar, em escala
florística. Dentreestas, Leguminosaeéamais local, ahipótesede Queiroz(2006b)dequeas
diversa, com 293 espécies em 77 gêneros,das caatingas sobre areia apresentam uma biota
quais 144 espécies são endêmicas (Queiroz distinta daquelas sobre o embasamento
2006a). MuitostáxonsdeLeguminosae,como
cristalino.
os pertencentes aos gêneros Mimosa, Acacia, A família Leguminosae, por apresentar
Caesalpinia e Senna, contribuem para a (1) grande número de táxons nas caatingas,
formação dos estratos arbóreos e arbustivos (2)diferentespadrõesdedistribuição(Queiroz
que compõem a paisagem característica das 2002) e (3) diversificação antiga em áreas
caatinEgmas (Queiroz 2006a). secas (Lavin etal. 2004), reúne atributos que
estudos fitogeográficos, ascaatingas permite usar dados de distribuição de suas
têm sido tratadas como uma única unidade espécies para inferir relações entre as
vegetacional integrante das florestas diferentes unidades florísticas incluídas no
sazonalmente secas do Neotrópico (Prado semi-árido(Queiroz2006b).Assim,oprincipal
2000; Prado 2003; Pennington et al. 2000; objetivo deste trabalho é analisar, através dos
Oliveira-Filho et al. 2006), apesar de possuir dados de distribuição das Leguminosae, a
fisionomiaecomposiçãoflorísticaheterogêneas, similaridadeflorísticadasdiferentesformasde
recentemente tratadas como diferentes caatingadaregiãodeTucanocomoutrasáreas
ecorregiões (Velloso etal. 2002). No entanto, do semi-árido brasileiro. Para isso,
Queiroz (2006b) argumentou que, sob a procuraremos responder às seguintes
denominaçãodecaatinga,ocorremduasbiotas questões: (i) As espécies de Leguminosae se
distintas no semi-áridodo Nordeste: (1) a das distribuemhomogeneamente nascaatingasda
superfícies sedimentares arenosas e (2) a que região de Tucano? ou (ii) existem espécies
ocorre sobresolosderivadosdoembasamento exclusivas de áreas de areia ou do
pcrriisntcailpianlom.entEe,sseamheisptóudtoessequefociombpaasreaardaa,m reemgbiaãsoamednetoTcuricsatnaloino?ap(iriie)saesntcaaamtinmgaasiodra
áreas fisionomicamente homogêneas situadas similaridadecomoutrasáreasdecaatingaque
sseorbreiAemsspscoearsattdaionnigtsaestsidpaopsraedrgeaiãsouabdsetdrTaiutsocc.aunsosãpoodedma doáarcqeouarisrermseefsdeoribirmdeeanestmcaboraemssaomeacanraettnoiocnsrgiaasstsa.ldsi.an)ooR(uaegpaciroãtimor
fitogeografia da vegetação do semi-árido Nordeste do Brasil? (iv) a proximidade
porque elas estão localizadas na transição geográfica tem uma influência maior sobre a
entre a bacia sedimentar do Tucano-Jatobá
distribuição das espécies de Leguminosae do
(solos arenosos) e o setor da Depressão que o tipo de substrato?
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
cm 12 13 14 15 16 17
..
381
Leguminosaedascaatingasde Tucano
MaterialeMétodos haviam sido coletadas anteriormente e que
estão depositadas no herbário HUEFS. A
Área de estudo
maioria das espécies foi coletada em estádio
OmunicípiodeTucanoestálocalizadono reprodutivo (com flor e/ou fruto). Todo o
nordestedoestadodaBahia,aproximadamente materialcoletadofoidepositadonacoleçãodo
entre as coordenadas 10°55’S 39°04’W e herbário HUEFS.
12°0TS 38°38’W, na transição entre a bacia
sedimentar do Tucano-Jatobá e a Depressão Preparação e análise dos dados
SertanejaMeridional(Fig. 1).Oclimadaregião Para o estudo de similaridade florística,
é do tipo árido a semi-árido, com temperatura foram selecionadas 24 áreas de caatingas,
média20,7a27,1°C,precipitaçãomédiaanual incluindo tanto áreas sobre solos arenosos
de 300 a 800 mm, sem uma estação chuvosa como sobre solos derivados do embasamento
definida, mas às vezes ocorrendo chuvas na cristalino(Tab. 1). Utilizou-seapenasáreasde
primavera-verão (SEI 2006). As áreas de caatinga uma vez que outros estudos
caatingaem solos derivados do embasamento mostraram que essas áreas formam uma
cristalino distribuem-se, em sua maior parte, unidade distinta das de vegetação de cerrado,
na parte oeste da região de Tucano, onde são campo rupestre ou mata atlantica (Oliveira-
encontradas também algumas serras com
Filhoetai 2006; Queiroz2006b).
aíloramentosgraníticosquechegamaalcançar
cerca de 650 m de altitude. Na região leste, o
clima é um pouco mais úmido, com
mm
precipitação média anual de 800 a 1 100
(SEI 2006). Nessa região encontram-se áreas
de caatinga sobre solos arenosos, bem como
formações de arenito.
Apesar das caatingas de Tucano terem
sido marcadas por um histórico recente de
antropização, muitas áreas bem preservadas
Em
ainda podem ser encontradas.
levantamentos florísticos realizados anterior-
mente nestas áreas, observou-se uma elevada
&
riqueza de espécies (D.B.O.S.Cardoso L.P.
Queiroz, dados não publicados), incluindo a
presença de novos táxons para a ciência,
como espécies pertencentes aos gêneros
Vasconcellia (Caricaceae), Arrabidaea
(Bignoniaceae) e Pseudobombax (Malvaceae),
além de uma espécie de Senna que será
referida neste trabalho.
Amostragem florística
A lista de espécies de Leguminosae das
caatingas de Tucano foi obtida a partir da
realizaçãode onze excursões entre os anos de
2004 a 2006 em quatro áreas de caatinga
situadasnoembasamentocristalinoecincoem Tucano mostrando que sua parte oeste encontra-se na
Aárleéams ddiesssou,pfeorrfíacmieisncslueíddiamseanstaersepséciaersenqouseasj.á DleesptreeessstãáonaSebratcainaejsaedMiemreindtiaornadlo(TDuSc)aneon-qJuaatnotboán(TpJa)r.te
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
L2 13 14 15 16 17
382 Cardoso, D. B. O. S. & Queiroz L~ P-
Tabela 1 - Áreas selecionadas para análise de similaridade.
Local Sigla Coordenadas Topografia e substrato Referências
BomJesusda Lapa-BA BJLP 13°24'S43°21’W Embasamentocristalino Andrade-Lima(1977);
L.P. Queiroz (dados não
publicados)
Buíque-PE BUIQ 08°39'S38°4rW Baciasedimentararenosa Rodai etal. (1998)
Canudos-BA CANU 09°58’S 39°06’W Baciasedimentararenosa Queiroz (2004)
Cariris-PB CARI 07°28’S 36°53’W Embasamentocristalino Gomes(1979);Lima
(2004)
Caruaru-PE CARU 08°irs 36°orw Embasamentocristalino Alcoforado-Filhoetal.
(2003)
CampoAlegredeLurdes-BA CPAL 09°30’S43°05’W Embasamentocristalino Queiroz (2004)
CasaNova- BA CSNV 09°30'S41°12’W Baciasedimentararenosa Queiroz (2004)
Ibiraba-BA IBIR 10°48'S42°50’W Baciasedimentararenosa Rochaetal. (2004)
Ipirá- BA IPIR 12°08’S40°00’W Embasamentocristalino L.P. Queiroz (dados não
publicados)
Itiúba-BA ITIU 10°21’S 39°36’W Embasamentocristalino Queiroz (2004)
Jaburuna-CE IBIA 03°54’S40°59’W Baciasedimentararenosa Araújo & Martins 1999
Januária- MG JANU 15°28'S44°23’W Embasamentocristalino Ratteretal. (1978)
Maracás - BA MARA 13°23'S43°21'W Embasamentocristalino Andrade-Lima(1971);
L.P. Queiroz(dados não
publicados)
Milagres-BA MILA 12°53'S 39°49’\v Embasamentocristalino Françaetal. (1997)
NovoOriente-CE NVOR 05°28'S40°52’W Baciasedimentararenosa Araújoetal. (1998)
Ouricuri-PE OUR1 07°57’S 39°38'W Embasamentocristalino Silva(1985)
Remanso- BA REMA
09°33’S42°05'W Embasamentocristalino Queiroz (2004)
RasodaCatarina-BA RSCT 09°3TS 38°46‘W Baciasedimentararenosa Guedes-Bruni (1985);
Queiroz (2004)
SerradaCapivara-PI SACP 08°26’S42°19'W Baciasedimentararenosa Lemos&Rodai (2002)
Seridó-RN SERI 06°35’S 37°15’W Embasamentocristalino Camacho(2001)
SãoRaimundoNonato-PI SRNN 07°54’S42°35’W Embasamentocristalino Emperaire (1985); L.P.
Queiroz(dados não
publicados)
Tucano-BA TCCR
10°55’S39°04’W Embasamentocristalino Este trabalho
Tucano-BA TCAR
12°0rS38°38’W Baciasedimentararenosa Este trabalho
Xingó-SE XING 09°35’S 37°35'W Embasamentocristalino Fonseca(1991)
A matriz de dados foi construída programa Fitopac 1.1 (Shepherd 1995). O
combinando a lista de espécies das índice de Sprensen (Mueller-Dombois &
diferentes áreas de Tucano com as listas Ellenberg 1974) foi calculado a partir da
de outras áreas de caatinga utilizadas por matriz binária para estimar a similaridade
Queiroz (2006b). Os nomes das espécies entre as áreas, sendo a ligação dos grupos
foram atualizados usando trabalhos avaliada através do método UPGMA.
taxonômicos mais recentes sobre as Análise de ordenação (PCO) foi realizada
Leguminosae. As análises de similaridade a partir da matriz de similaridade usando o
entre as áreas foram realizadas através do mesmo programa.
RodriKuésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
cm 12 13 14 15 16 17
383
Leguminosaedascaatingasde Tucano
Resultados Análise de similaridade florística
O coeficiente de similaridade de
Lista de espécies
Sprensen entre as áreas de caatinga sobre
Foram registradas 74 espécies
areia e sobre o embasamento cristalino da
pertencentes a 41 gêneros de Leguminosae A
(Tab. 2). Os gêneros com maior número de regiãodeTucanofoidc48,4%. similaridade
espécies são Sentia (9), Mimosa (8) e ednetrceaaatsinágraeasvadreioTuuecnatnroe e37a,s6o%utera6s0a,r2e%a.s
Chamaecrista (6). Das espécies amostradas, Como as análises de UPGMA e de PCO
45 ocorrem nas áreas de caatinga derivadas apóiam a formação dos mesmos grupos,
de solos doembasamentocristalino, sendo 37
apenas a primeira é mostrada nesse trabalho
eáxrecalsu,sivdaesntdreessaes teisppoédceieasmbmiaeinste.coNmeusntsa,s n(Faigf.or2)m.açAãoandáleisuemdegraagnrduepgarmuepnotoar6e3su%ltdoeu
podemos citarAnadenanthera colubrina var. similaridade, excluindo duas áreas: a de
cebil, Centrosema virginianuin, MDiiomcolseaa caatingaarbóreasobre solocalcáreoem Bom
grandiflora, Erythrina velutina.
JesusdaLapaeadecaatingaperiodicamente
tenuiflora Poeppigia procera var. conferia
, inundável em Remanso. Dentrodessegrande
e Senna macranthera var. rnicans.
SReecnennatebmreanctteefooisapro(peossptéaciuemainnéodviatae)s,pécqiuee, gfrourpmoa,ddoosisag6r7u%podseprsiinmciilpaariisd,a‘dAe’(eFi‘gB.’2f)o.ram
provavelmente é endêmica de uma serra ocorrOemgreumposuAperifncílcuiiestosdeadsimaesntáarreeasscqoume
incluídanestemesmotipodecaatinga(Cardoso
& solos arenosos. Neste grupo, foi observado
Queiroz, submetido).
um subgrupo (Al) onde se encontra a
Nas áreas de caatinga sobre solos
sedimentares arenosos ocorrem 37 espécies,
das quais 29 são exclusivas dessa área.
Algumas espécies como Aeschynomene
sensitiva, Calliandra aeschynomenoides,
Copaifera cearensis var. arenicola, Gaiactia
remansoana, Lonchocarpus araripensis,
Piptadenia moniliformis e Trischidium molle
ocorrem na maioria das áreas arenosas de
Tucano enquanto Bauhinia corifolia (espécie
inédita), Chamaecrista barbata, Hymenaea
martiana e Parkia platycephala toram
amostradas em apenas uma localidade cada.
Mimosa brevipinna também só ocorre em
uma área de areia no limite com o município
de Ribeira do Pombal e era conhecida por
apenasduascoletasemOeiras(Queiroz2002).
Apenas oito espécies foram comuns às
áreas de caatinga sobre areia e sobre o
embasamento cristalino, quais sejam: Acacia
bahiensis, Baultinia subclavata, Caesalpinia
ferrea, Caesalpinia pyramidalis,
Chaetocalyx scandens, Chamaecrista Figura 2 - Dcndrograma representando a similaridade
belemii var. belemii, Poecilanthe ulei e Senna entre24áreasdecaatingabaseadonapresençadcespécies
acuruensis var. acuruensis. deLeguminosae(verTabela 1 paraabreviações).
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
12 13 14 15 16 17
1
384 Cardoso, D. B. O. S. & Queiroz, L P.
Tabela 2 - Lista de espécies de Leguminosae amostradas para as caatingas da região de Tucano
(O asterisco refere-se às espécies endêmicas do bioma caatinga. Siglas para os coletores: C = D.
Cardoso; LP = L.P. Queiroz; AC = A.M. Carvalho; LL = L.C.L. Lima).
Espécie Voucher Cristalino Areia
*AcaciabahiensisBenth. LP9029; C 2, 131 X X
Acaciafarnesiana(L.)Willd. AC3857; LP3117 X
*AcacialangsdorffiiBenth. C550 X
AeschynomenemolliculaKunth C 91, 466 X
AeschynomenesensitivaSw. C223 X
Anadenantheracolubrinavar.cebil(Griseb.)Altschul C39 X
Andira humilis Mart. C985 X
*BaiihiniaaculeataL. LP9024;C485 X
Bauhiniacorifolia L.P.Queiroz sp. ined. C219 X
*Bauhinia subclavata Benth. C20, 158, 973 X X
Bowdichiavirgilioides Kunth LP 3711 X
Caesalpiniaferrea Mart. exTul. AC 3825; C 175 X X
*CaesalpinialaxifloraTul. C226 X
*CaesalpiniapyramidalisTul. var.pyramidalis LP3703;C 14, 107 X X
* Calliandra aeschynomenoides Benth. C 959,966 X
Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. C 116 x
Centrosema arenarium Benth. C930
Centrosema pubescens Benth. C 896 X
Centrosema virginianum (L.) Benth. LP9023; C 38 X
Chaetocalyxblanchetiana(Benth.)Rudd C53
C*hCaheatmoaceaclryixsstcaanbdaernbsatvaar(.Npeuebses&ceMnasrt(.D)C.H).SR.Iurdwdin & Bameby CLP9591005; C 1 X XX
*Ch&amBaaemceribsytavabr.elbeemlieimi(iH.S.Irwin& Bameby) H.S.Irwin C 141, 527, 898
*Chamaecrista brevicalyx(Benth.) H.S.Irwin & Bameby C 1189 X
Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S.Irwin & Bameby C 122, 889 X
Chamaecristaserpens (L.) Greene C763, 909, 980 X
* Chamaecristaswainsonii (Benth.) H.S.Irwin & Bameby C 206, 1185 X
Chloroleuconfoliolosum (Benth.) GP.Lewis C 134
*Copaiferacearensisvar. arenicola Ducke C982, 1188 x
Crotalaria holosericea Nees & Mart. C 108 X
Desmanthuspernambucanus (L.) Thell. C71
*Dioclea grandiflora Mart. ex Benth. C46,492
ErythrinavelutinaWilld. C881 x
* Galactia remansoana Harms C964 x
GeoffroeaspinosaJacq. LP 9000
* Goniorrhachis marginata Taub. C510
Hymenaea martiana Hayne C922
Indigofera suffruticosa P.Mill. C555
Inga sp. C933 x
* Lonchocarpus araripensis Benth. C 188
Mimosa acutistipula (Mart.) Benth. C 79, 157
Mimosa arenosa (Willd.) Poir. C 128 X
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
12 13 14 15 16 17
385
Leguminosaedascaatingasde Tucano
Vòucher Cristalino Areia
Espécie
C 194,986 x
* Mimosa brevipinna Benth.
LP 3704 x
Mimosa lewisii Bameby
AC 3923 x
*Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth.
Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa (DC.) Bameby LL 182 x
Mimosasensitiva L. var. sensitiva C 130;LL 181 x
C90 x
Mimosa tenuiflora(Willd.) Poir.
C560 x
Parkiaplatycephala Benth.
ParkinsoniaaculeataL. LP3113;C82 x
C 907, 277 X
*PeltogynepaucifloraBenth.
C 184 X
Periandramediterrânea(Vell.)Taub.
LP 3705 X
Piptadeniamoniliformis Benth.
*Piptadeniastipulacea(Benth.)Ducke LP 3115 x
AC3882; LP4562 X
*Pithecellobiumdiversifolium Benth.
*Poecilantheulei(Harms)Arroyo& Rudd C478. 891 x X
C6.921 x
Poeppigiaprocera var. conferta Benth.
*Sennaacuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby var. acuruensi. C 120,949 x X
C979 x
Sennaalata(L.)Roxb.
*Senna bracteosa D.Cardoso & L.P.Queiroz sp. ined. C 1306, 874 x
Sennamacranthera var. rnicans (Nees) H.S.Irwin & Bameby C 72, 1309 x
AC 3869 x
Sennaoccidentalis(L.)Link
Sennapendula(Willd.) H.S.Irwin& Barneby C 1322 x
*Senna rizzini H.S.Irwin & Barneby C4, 118 X
Sennasplendida var. gloriosa H.S.Irwin & Barneby C32 X
Senna uniflora (P.Mill.) H.S.Irwin & Barneby LP9019;C61
C83
Stylosanthesscabra Vogei
C 180,989 X
Swartziaapetala var. subcordata Cowan
C965 X
Tephrosia purpurea (L.) Pers.
C37 X
*Trischidiummolle(Benth.) H.E.Ireland
Vignapeduncularis(Kunlh)Fawc. & Rendle C89
C962 X
*Zornia echinocarpa (Moric.) Benth.
C94
Zornia glabra Desv.
C534
Zornia myriadena Benth. -
cmaaaitoirngsaimdielaarriediaaddeecToumcaansoármeoasstdreanBduoíquumea, de caOatgirnugpao BsocbormeprseoelnodsedteordiavsaadsosáredaAos
embasamento cristalino pré-cambriano.
CsuabngurduopsoseaRgarsuopadraamCaatsaráirneaa.s Ddoeiscaoauttirnogsa área de Tucano agrupou-se com as
em Casa Nova e Ibiraba (A2) e as áreas de caatingas de Caruaru, Milagres c Ipirá (B1),
Novo Oriente, Ibiapaba e Serra da Capivara todas elas incluindo signifiOcativos
da(Are3en)no.omAsiosnsatdrsaêsosbúrdleteimcsaaesrrrráaarssecaoes,osecãnooqrurcaenomtmoeummqeusenoltoaess csafaulabotgriranumgpeaont(oaBss2s)doecrigearuadnnaiiustoaaseodgneeammiasbisase.sáarmeeaosunttdroeo
dároeaVsaldeedCoasMaédNioovaSãeoIbFirraanbcaisecsot,ãoeaoocolrornegmo acrribsótraelai,no,deinccalautiinndgoa áarrebausstdievacaeatáirnegasa
inundáveis.
sobre dunas.
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
.2 13 14 15 16 17
386 Cardoso, D. B. O. S.& Queiroz, L P.
Discussão por Rizzini (1979). De fato, esses resultados
Diversidade de espécies reforçam a opinião de que as caatingas
O número de espécies de Leguminosae apresentam uma vegetação autóctone, como
nascaatingasdeTucano, mesmoconsiderando argumentado mais recentemente por vários
cada uma das áreas separadamente, foi autores (Prado 1991; Harley 1996; Giulietti
relativamente alto quando comparado com et al. 2002; Queiroz 2006a), embora
outros levantamentosjárealizados naRegião reconhecendo a heterogeneidade ambiental
Nordeste do Brasil, tanto em áreas do contida nesse bioma.
embasamentocristalino(Andrade-Lima 1977,
Fonseca 1991, França et al. 1997, Camacho Relações florísticas
2001, Alcoforado-Filho et al. 2003), bem Estudos fitogeográficos realizados em
como nas caatingas sobre solos arenosos escala continental baseados nos padrões de
(Rodai etal. 1998; Araújo etal. 1998, 1999; distribuição de espécies arbóreas têm
Lemos & Rodai 2002; Pereira et al. 2002; mostrado que a caatinga faz parte da
Rocha et al. 2004; Farias & Castro 2004). Província das Florestas Tropicais
Queiroz (2006b) destacou que a Sazonalmente Secas (SDTF) (Prado 2000;
importância da família Leguminosae nas Pennington et al. 2000; Oliveira-Filho et al.
caatingas está relacionada não só à riqueza 2006). Deve-se ressaltarque, nessesestudos,
de espécies mas também ao fato dela o bioma caatinga é considerado como uma
contribuir com o maior número de espécies única unidade de análise. No entanto, das 57
endêmicas. EmTucanofoi verificadoquedas espécies lenhosas de caatinga usadas por
74 espécies amostradas, 27 (36%) são Pennington et al. (2000) para a delimitação
consideradas endêmicas do bioma caatinga das SDTF,somente Commiphora leptophloeos
(Tab. 1),ocorrendonosdoistiposdesubstratos. (Mart.) J.G.Gillett (Burseraceae) foi
Espécies de outras famílias também encontrada nas dunas de Ibiraba (Rocha et
exemplificam a elevada taxa de táxons al. 2004). Além disso, as espécies incluídas
endêmicos da caatinga ocorrendo na região naquela província fitogeográfica raramente
deTucano(Cardoso&Queiroz,comunicação são encontradas em outras áreas arenosas
pessoal), algumas ocorrendoexclusivamente do bioma caatinga (e.g. Araújo et al. 1998,
sobre solos arenosos (e.g. Anemopaegma 1999; Rodai et al. 1998; Nascimento et al.
laeve DC., Bignoniaceae, Pilosocereus 2003; Queiroz et al. 2005). No município de
tuberculatus (Wederm.) Byles & Rowles e Tucano, por exemplo, das 17 espécies de
T&acinga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor Leguminosae citadas por Pennington et al.
Stuppy, Cactaceae), e outras apenas em (2000) somente Hymenaea martiana ocorre
solos derivados do embasamento cristalino nas áreas arenosas, enquanto Poeppigia
(e.g. Spondias tuberosa Arruda, procera var. conferta Geoffruea spinosa
Anacardiaceae, Aspidosperma pyrifolium e Anadenanthera co,lubrina var. cebil
Mart., Apocynaceae, Cereusjamacaru DC., só foram encontradas nas áreas do
Cactaceae, Capparis cynophallophora L., embasamentocristalino. Comofoi verificado
Capparaceae, e Ziziphus joazeiro Mart., na Figura 2, a similaridade florísticaentre as
Rhamnaceae).
diversasfisionomiasdevegetaçãodecaatinga
A riqueza taxonômica e o número também mostrouqueasduasáreasdeTucano
elevado de táxons endêmicos demonstram foram agrupadas separadamente, refletindo
que a flora das caatingas não deve ser vista apresençadepoucasespéciescompartilhadas
como derivada da de outros biomas, como o entre elas. Ao contrário, as áreas sobre solo
ChacoeaFlorestaAtlântica,comodefendido arenoso agruparam-se com outras áreas
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
,SciELO/JBRJ
cm 1 12 13 14 15 16 17
387
Legiminosaedascaatingasde Tucano
sobre o mesmo tipo de substrato (grupo A, dessa formação, três delas ocorrem em
Fig. 2), o mesmo ocorrendo com as áreas Tucano: Calliandra aeschynomenoides,
localizadas sobre substratos derivados do Chamaecrista swainsonii e Zornia
embasamento cristalino (grupo B). Esses echinocarpa. Além disso, algumas espécies
resultados podem indicar que a caatinga de que, em Tucano, só ocorrem na caatinga
Tucano é, na verdade, constituída por duas arenosa, como Piptadenia moniliformis,
Trischidium molle, Chamaecrista repens var.
biotasdistintas.
Recentemente, Queiroz (2006b), multijuga, Lonchocarpus araripensis e
baseado no padrão de distribuição de Copaifera cearensis var. arenicola,
Leguminosae e na análise de similaridade apresentam distribuição disjunta com outias
entre vários tipos de vegetação do Nordeste áreas de caatinga da Região Nordeste que
do Brasil, utilizando também apenas as também ocorrem sobre sedimentos arenosos
ceasaptéicnigeassdfeosrsmaafmamuímliag,rarnedceobnlhoeccoeufloqruísetiacso (QueiArozde2f0i0n6bi)ç.ão de uma escala local em
mascom duas unidades fortemente distintas: estudosfitogeográficosé importanteporqueo
(a) uma associada com o embasamento grau de similaridade entre áreas pode estar
cristalino, cobrindo a maior parte da região sujeitoaumgradienteambientale,nessecaso,
ede(cba)atainogautermaaiqsuereloaccuiponaadaascosumpearsfSíDciTeFs cuomnajuenstcoaslaflmoaríisstidceotsadlihsatidnatopser(mNietkeolraec&onWhheicteer
arenosas sedimentares descontínuas, 1999). No caso das áreas de Tucano, a
apresentando uma flora bem característica e separação dos dados de acordo com o tipo de
com uma proporção relativamente alta de ambiente permitiu testar se a proximidade
geográfica teve uma influência maior sobre a
táxonsqueocorremdisjuntamenteentreelas.
QcesautaeátiiranEosgzmsaose(cds2iec0aa0dTla6uabcla)aoocnfaooel.i,meAbtsaaspsemaarbpmtaéeedmnrotãeosoobtspecrerdoriepvsoatTsadutlocionanponaooser ddtriieepsfotuTrtduiaecbuasainuçboãhsoitnrpdãaóaottsoe.fesosOerpémfdcaaeitreoesqdmuadeseuámparleagapnrstruaoapsxmooidsometnirtqdrauaededaseosi
naegsrtuepomue-ssemocotimpotdodeassubasstráarteoas(squubegroucpoorrBelm, dgaeagosrgurepásafpmiéeccanitéeosadcnaaesussdsauaapsrreiágnriceãiaposa.ldNdeoaTdueicnsattraninobtuoci,çoãmoo
FdcDiaeigro.acgc2rlt),aeernaniiaztaqoduoaelgprroagicnnnoadcriiirspfeaslmleom.erexant,EtesensspeoeslCaasafupelrbsoegarsralemupnepçinaontidoaesé opsuurtbirsnatcsriapátaorlearfseaftsooirrtçuacadaaaushsiasploóbtdreaeseodidsmeterqsiubmeuoieçstãsioepodedaeso
pyramidalis, Vigna peduncularis, espéciPeosrdoeutprloantlaasdon,aacafaatlitnagad.e uma escala
Anadenathera colubrina var. cebil,
PPioprtasdueanivaezs,liapsuláarceeaas edeZocraniactiinmgyariaardeennoas.a alporcoaplriapdoadpearatarnaázleisrespfirtoobgcloegmráafsicaspaarnaívela
oucmorgrreumponabpeamrtecolnesstiestdeentTeuccaonmo easfoárremaasradme dqpirusóecxrioimmcaison.rarçPãeoomrdeeexcmeomnápjrluenota,ossngofleocoraígssrtoaicfdoisacdaáisrmteeiannttdoees
Buíque,Canudose RasodaCatarina(Al, Fig. Remanso, verifica-se que a vegetação é
2s)e.dEismteentgraurpodocoTmupcraeneon-dJeataosbáár,eaas dqauablacisea heterogênea, ocorrendo em áreas sobre solo
estende por quase toda o nordeste do estado arenoso, em planícies aluviais e sobre
afloramentos do embasamento cristalino
dQDauaesBisarehoiiszaes(ap2té0éc0io6ebsc)qeuncteorfomoorsualmsecdnoednosPiederennrdaaêmdmbaisuccpoao.sr a(nLá.lPi.sQeudeeirsoizm,ildaariddoasdenrãeoalipzuabdlaicnaodopsr)e.senNtae
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
L2 13 14 15 16 17
388 Cardoso, D. B. O. S. & Queiroz. L P.
estudo, os dados de Remanso não foram Filho et al. (2006) também verificaram,
coletados de forma separada porambiente, o como, no presente estudo, que áreas de
que resultou em uma grande dissimilaridade caatinga s.s. foram agrupadas em um bloco
dessa área em relação às demais áreas de distinto das áreas comumente denominadas
caatingaanalisadas. Destemodo,poderiamos de carrasco, embora eles considerem que a
supor que uma análise mais refinada, caatinga seja considerada como um único
separandoosambientesdeRemanso,poderia núcleo fiorístico das SDTF. Esses autores
demonstraranaturezacompostadesuabiota, explicaram a dicotomia das áreas de
comofoi verificadonopresente trabalhopara caatinga s.s. e de carrasco pela sua
a região de Tucano. associação, respectivamente, a solos
O padrão de diferenciação local da derivados do embasamento cristalino ou a
vegetação das caatingas de Tucano reforça, depósitos arenosos (Araújo et al. 1998;
portanto, as hipóteses biogeográficas Rodai & Sampaio2002; Oliveira-Filhoetal.
apresentadas por Queiroz (2006b) de que 2006). Outra explicação para a baixa
as áreas de caatinga arenosa representam similaridade florística entre essas áreas de
uma unidade fitogeográfica distinta da caatinga s.s. e carrasco observadaem escala
caatinga s.s. ou de outra floresta seca continental (Oliveira Filho et al. 2006),
neotropical que ocorre sobre oembasamento regional (Queiroz 2006b) e na região de
cristalino. Além do padrão de distribuição Tucano (presente trabalho) é a possibilidade
das plantas, essa hipótese é reforçada por delasrepresentaremunidadesfitogeográficas
dados fenológicos de deciduidade foliare de distintas formadas por diferentes processos
floração. Por exemplo, Rocha et al. (2004) históricos (Queiroz 2006b) e, portanto, não
verificaram que nas regiões das dunas do deveriam ser tratadas genericamente com o
Rio São Francisco, em Ibiraba, Bahia, pelo termodecaatingaoucomoumaúnicaunidade
menos 50% das plantas lenhosas retêm as vegetacional.
folhas mesmo nos meses mais secos e há
flores de diferentes espécies em antese ao AGRADECLMENTOS
longo do ano. Esse padrão fenológico é bem
diferente do observado nas áreas de caatinga Os autores agradecem ao Sr. Olavo,
sobre o embasamento cristalino, em que a AntôniodaBila,Timóteo, MarcosGuerreiro,
proporção de espécies que mantém as folhas George, Alexandre, Ademário e Quézia pela
na estação seca é de 26% e a floração é ajuda no trabalho de campo, e ao Sr. João
concentrada no início da estação chuvosa Cacimba e Jeová por terem oferecido
(Machado et al. 1997). Apesar de não se alojamentodurante asexcursões paraa Serra
ter realizado um estudo fenológico das Candeias.
quantitativo naregiãodeTucano, verificou-
se, ao longo desse trabalho, que a maioria Referências Bibliográficas
das espécies de caatinga sobre substrato Ab’Saber,A.N. 1974.0domíniomorfoclimático
arenoso mantinham suas folhas na estação semi-árido das caatingas brasileiras.
seca, situação distinta daquelas que Geomorfologia43: 1-39.
crescem sobre o embasamento cristalino, Alcoforado-Filho, F. G.; Sampaio, E. V. S. B.
pois a quase totalidade dessas perde as & Rodai, M. J. N. 2003. Florística e
folhas no mesmo período. fitossociologia de um remanescente de
Em
trabalho recente sobre a vegetação caducifólia espinhosa arbórea
fitogeografia das florestas sazonalmente em
Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica
secas do leste da América do Sul, Oliveira- Brasílica 17(2): 287-303.
Rodriguésia 58 (2): 379-391. 2007
SciELO/JBRJ
cm L2 13 14 15 16 17