Table Of ContentDADOS DE ODINRIGHT
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"Quando o mundo estiver unido na busca do
conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e
poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a
um novo nível."
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Dinheiro faz o mundo girar
O paradigma do
“dinheiro em primeiro lugar”
Como o dinheiro e todas as preocupações que o
acompanham se tornaram tão cruciais em nossa vida?
Foi sempre assim? É essa a única relação que podemos ter
com ele?
Alguns paradigmas estão tão bem estabelecidos na
sociedade que se tornam “fatos” amplamente aceitos,
quando na verdade são pouco mais do que crenças não
questionadas. O paradigma “o dinheiro faz o mundo girar” é
um exemplo disso.
Ele nos leva a priorizar o acúmulo de dinheiro para que
possamos realizar nossos sonhos e desejos. Sem dinheiro,
acreditamos que nossos objetivos nunca sairão do papel,
perdidos em nossa cabeça como pensamentos, pouco mais
que esperanças. É por isso que tantas pessoas se mantêm
em empregos de que não gostam. Nosso futuro está à
mercê de nossas contas bancárias.
Em qualquer relacionamento tóxico, ambas as partes são
responsáveis por seu papel e comportamento; a aceitação
dessa verdade nos prepara para enfrentar o problema. Ao
aceitar nossa parte no relacionamento disfuncional entre
nós e a indústria do dinheiro, somos fortalecidos pela
realidade de que somos livres para investigar e escolher
outras formas de pensar. Podemos nos afastar da tirania,
mesmo que seja um desafio difícil.
Os primórdios
Desde que surgiu como uma ideia, há cerca de 11 mil anos,
o dinheiro se transformou, sem contestação, em uma
“coisa” tão real quanto uma mesa ou uma cadeira. Mas nem
sempre foi assim. Então, o que aconteceu antes do conceito
de dinheiro?
Nossos primeiros ancestrais caçadores-coletores não
apenas sobreviviam sem dinheiro, como também se viraram
bem o suficiente para evoluir até chegarem aos humanos
modernos que somos hoje. Os primeiros humanos
desenvolveram um conjunto variado de habilidades e
talentos para atender às suas necessidades pessoais e às
de sua comunidade. Foi a natureza — com todas as
pressões inerentes sobre os humanos para sobreviverem a
ela —, e não as demandas de um mercado comercial, que
determinou o que as pessoas precisavam fazer para viver
um novo dia. “Moedas invisíveis”, como reciprocidade e
partilha de habilidades, eram usadas não para lucro futuro,
mas para a sobrevivência imediata do indivíduo e da
comunidade.
Sobrevivência e segurança estão na base de um modelo
teórico denominado “hierarquia das necessidades”,
proposto por Abraham Maslow, um dos psicólogos mais
influentes do século XX. Maslow escreveu sobre seu modelo
em 1943, em um artigo acadêmico intitulado “A Theory of
Human Motivation” [“Uma teoria da motivação humana”].
Essa teoria fala sobre cinco camadas de necessidades,
descritas como níveis que vão subindo, formando uma
pirâmide. Na base da pirâmide estão as necessidades
fisiológicas, como ar para respirar, água, comida, sono,
roupas e abrigo. Mais acima estão as necessidades de
segurança: preceitos morais e saúde da família, proteção do
corpo, propriedade e recursos; seguidos por necessidades
emocionais e sociais: amor e sentimento de pertencimento,
amizade, família e intimidade sexual. Depois vêm as
necessidades do eu: autoestima, confiança, realização,
respeito pelos outros e dos outros; e, por fim,
autorrealização: integridade, criatividade, espontaneidade,
resolução de problemas e ausência de preconceito.
Nossos primeiros ancestrais escalaram com sucesso o
modelo de “hierarquia das necessidades” sem depender do
dinheiro. E à medida que desenvolviam suas habilidades de
sobrevivência, as comunidades cresceram, e mais pessoas
precisaram atender ao modelo hierárquico de Maslow. E à
medida que a demanda por comida, abrigo, segurança e
confiança aumentou, os provedores de habilidades se
tornaram especialistas.
Mas a natureza e toda a sua imprevisibilidade sempre
estiveram no comando da vida. A qualquer momento, o sutil
equilíbrio necessário para continuar vivo poderia ser
perturbado por uma mudança no clima, uma praga de
insetos ou uma epidemia. Uma seca causaria um aumento
na demanda por “adivinhos” localizadores de água na
comunidade, deixando os produtores de roupas de inverno
subtamente ociosos.
Da permuta ao dinheiro
Mudanças na oferta, seja por excesso ou escassez,
modificam a procura. E as crescentes complexidades
ocasionadas pelo aumento das populações instigaram o
desejo de outros sistemas de comércio. Assim nasceu o
conceito de permuta.
A permuta só funciona se aqueles que fazem a troca
precisam de algo que os outros têm a oferecer, e, por sua
vez, têm o que os outros exigem. Se, por exemplo, um
jardineiro precisa de calçados de jardinagem novos e o
sapateiro precisa que aparem sua cerca viva, ambos ficarão
felizes. No entanto, se o sapateiro não tem jardim e prefere
um pote de unguento de ervas para as suas mãos calejadas,
o acordo de permuta fica mais complicado: o jardineiro e o
sapateiro terão que procurar um herborista que precise de
suas habilidades. A solução para essas complexidades é o
dinheiro.
Façamos um rápido passeio pela história cronológica do
dinheiro para entender melhor como chegamos à
mentalidade do “dinheiro em primeiro lugar”.
• Os primeiros registros mostram que no Egito, por volta
de 9000 a.C., os primeiros humanos trocavam os bens
de que precisavam pelos produtos que tinham em
excesso. Bens não perecíveis, como grãos e gado, eram
mercadorias adequadas de permuta.
• Por volta de 1100 a.C., na China, o bronze era usado
para fazer esculturas em miniatura oferecidas como
uma moeda alternativa de troca — era mais fácil
carregar pequenas esculturas de bronze no bolso do
que andar por aí com vacas ou sacos de grãos. Por
volta da mesma época, 1200 a.C., essas esculturas
passaram por um refinamento e se transformaram em
moedas redondas. Em algumas regiões costeiras do
oceano Índico, as comunidades usavam os búzios locais
como outra forma de moeda.
• Em 600 a.C., o rei Alíates da Lídia (atual Turquia)
cunhou a primeira moeda oficial, padronizando a
cunhagem e facilitando o comércio exterior.
• Em 1250 d.C., os florentinos, que não queriam ser
superados pelos lídios, cunharam sua própria moeda de
ouro, que ganhou aceitação em toda a Europa.
• Com a evolução do comércio, começou a busca por
uma solução para o problema do transporte de moeda
internacional, já que carregar grandes baús de prata e
ouro era trabalhoso e caro. A Suécia encontrou a
resposta no papel-moeda em 1661, embora ele tenha
demorado algum tempo para se popularizar — é difícil
abandonar velhos hábitos, e os piratas ainda preferiam
seus baús de pilhagem.
• Em 1860, a empresa norte-americana Western Union
estabeleceu-se como líder de mercado em todas as
questões de dinheiro, e foi pioneira no uso do e-money
com a ideia inovadora de transferi-lo eletronicamente
via telegrama.
• Em 1946, o mundo do dinheiro tornou a evoluir quando
um empresário norte-americano, John Biggins, inventou
o cartão de crédito com o lançamento do seu “Charg-
it”.
• Em 1999, os bancos europeus buscaram acompanhar
esse progresso oferecendo serviços bancários por
smartphone, e uma moeda única para o bloco
econômico, o euro, entrou em circulação em 2002.
• Em 2008, os pagamentos por aproximação foram
introduzidos no Reino Unido.
• A partir de 2014, surgiram novas formas de moeda,
algumas bem-sucedidas e promissoras, outras apenas
modismos ou equívocos: criptomoedas como o bitcoin;
sistemas de troca modernos como Bartercard; versões
evoluídas de serviços bancários por aproximação, como
Apple Pay e uso de pulseiras.
Em seu livro Sapiens: Uma breve história da humanidade, o
professor, autor e historiador Yuval Noah Harari escreve: “O
dinheiro foi criado inúmeras vezes em inúmeros lugares.
Seu desenvolvimento não exigiu avanços tecnológicos, foi
uma revolução puramente mental. Envolveu a criação de
uma nova realidade intersubjetiva, que só existe na
imaginação compartilhada das pessoas.”4