Table Of ContentPlano de Ação Nacional
para a Conservação de
Aves de Rapina
República Federativa do Brasil
Presidente
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Vice-Presidente
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA
Ministério do Meio Ambiente Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade
Ministro
CARLOS MINC BAUMFELD
Presidente
RÔMULO JOSÉ FERNANDES BARRETO MELLO
Departamento de Conservação da Biodiversidade
BRÁULIO FERREIRA DE SOUSA DIAS
Diretoria de Conservação da Biodiversidade
FERNANDO DAL’AVA
Gerência de Recursos Genéticos
LÍDIO CORADIN
Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas
ONILDO JOÃO MARINI-FILHO
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
SCEN, Avenida L4 Norte, Trecho 2
Diretoria de Conservação da Biodiversidade
Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas
Coordenação de Conservação da Fauna Ameaçada
70818-900 – Brasília – DF – Brasil
Tel./fax: + 55 61 33161215
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Edição
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Centro Nacional de Informação, Tecnologias Ambientais e Editoração
Edições Ibama
SCEN, Avenida L4 Norte, Trecho 2, Bloco C, subsolo, Edifício-sede do Ibama
70818-900 – Brasília – DF – Brasil
Telefone: + 55 61 33161065
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modo ou por qualquer outro meio, seja eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação ou outros, sem a prévia autorização, por escrito,
do Coordenador da Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas.
© dos autores 2007. Os direitos autorais das fotografias contidas nesta publicação são de propriedade de seus fotógrafos.
Plano de Ação Nacional
para a Conservação de
Aves de Rapina
Série Espécies Ameaçadas – nº 5
Elisiario Strike Soares
Fabio Sarubbi Raposo do Amaral
Eduardo Pio M. de Carvalho Filho
Marco Antônio Granzinolli
Jorge Luiz Berger Albuquerque
Jorge Sales Lisboa
Marcos Antônio G. Azevedo
Wanderlei de Moraes
Tânia Sanaiotti
Ivens G. Guimarães
Brasília, 2008
Produção do Plano Marco Antônio M. Granzinolli – USP/SP
Onildo João Marini-Filho – CGEsp/ICMBio
Workshops: 31 de março a 1º de abril de 2005 (Brasília,
Tânia Sanaiotti – Inpa
DF, Brasil).
Vitor Piacentini – SBO
3 e 4 de abril de 2006 (Brasília, DF, Brasil).
Elaboração de textos:
Este plano baseou-se nas discussões ocorridas durante os
Eduardo Pio M. de Carvalho Filho, Elisiario Strike Soares,
dois workshops mencionados e nas informações providas
Fabio Sarubbi Raposo do Amaral, Ivens G. Guimarães,
por especialistas no Brasil.
Jorge Luiz Berger Albuquerque, Jorge Sales Lisboa, Marco
Revisões do Plano Antônio Granzinolli, Marcos Antônio G. Azevedo e Wanderlei
Este plano de ação será monitorado anualmente pelos par- de Moraes.
ticipantes e deverá ser revisado a cada cinco anos (primeira
Revisão técnica
revisão em 2011). Entretanto, revisões emergenciais pode-
Elisiario Strike Soares, Fabio Sarubbi Raposo do Amaral,
rão ser efetuadas a qualquer tempo, caso alguma mudança
Jorge Luiz Berger Albuquerque.
inesperada ameace as populações dessas espécies.
Revisão e Edição de Texto
Abrangência Geográfica
Vitória Rodrigues
O plano abrange várias espécies com distribuição em todo
Cleide Passos
o território nacional, em especial as espécies ameaçadas,
Maria José Teixeira
quase ameaçadas, deficientes de dados e de interesse
Enrique Calaf
especial.
Capa
Coordenador Técnico da Série Espécies Ameaçadas
Giancarlo Zorzin
Onildo João Marini-Filho
S.O.S. Falconiformes – Centro de Pesquisa para
Documento Base a Conservação das Aves de Rapina Neotropicais.
Grupo de trabalho que participou da reunião para a elabo- ([email protected])
ração do Plano de Ação
Projeto Gráfico
Andrei Langeloh Roos – Cemave/ICMBio Denys Márcio
Eduardo Pio M. de Carvalho Filho – S.O.S. Falconiformes
Elisiario Strike Soares – Cofat/ICMBio Mapas
Fabio Sarubbi Raposo do Amaral – USP/SP Noêmia Regina Santos do Nascimento
Ivens Gomes Guimarães – UEL/PR Centro de Sensoriamento Remoto – CSR/Ibama.
Jorge Luiz Berger Albuquerque – Fundação Montanha Viva Pedidos de exemplares deste documento, dúvidas e
Jorge Sales Lisboa – ABFPAR sugestões devem ser encaminhados para: Onildo João
Leandro Baumgarten – Unicamp Marini-Filho ([email protected]).
Catalogação na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
P699 Plano de ação nacional para a conservação de aves de rapina / Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas. – Brasília: ICMBio, 2008.
136 p. ; il. color. : 29 cm. (Série Espécies Ameaçadas, 5)
ISBN 978-85-7300-240-9
1. Plano (Planejamento). 2. Aves. 3. Ornitologia. 4. Extinção. 5. Ave de rapina. I. Amaral, Fabio
Sarubi Raposo do. II. Soares, Elisiario Strike. III. Carvalho-Filho, Eduardo Pio M. de. IV. Granzinolli,
Marco Antônio. V. Albuquerque, Jorge Luiz Berger. VI. Lisboa, Jorge Sales. VII. Azevedo, Marcos
Antônio G. VIII. Moraes, Wanderlei de. IX. Sanaiotti, Tânia. X. Guimarães, Ivens G. XI. Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. XII. Diretoria de Conservação da Biodiversidade. XIII.
Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas. XIV. Título. XV. Série.
CDU (2.ed.)598.2
Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves de Rapina
Agradecimentos
Nossos sinceros agradecimentos aos responsáveis pela página de discussões
ornitobr (http://br.groups.yahoo.com/group/ornitobr/) onde foram veiculados alguns
pedidos de informações. Aos pesquisadores que enviaram informações sobre Circus
cinereus (Jan Karel Mähler, Leandro Bugoni e Rafael Antunes Dias), Leucopternis
lacernulatus (Adrian Eisen Rupp, Francisco Mallet-Rodrigues, Francisco Sagot Martin, Ivo
Rohling Ghizoni Júnior e Samuel Ferreira) e Leptodon forbesi (Glauco A. Pereira e Luís
Fabio Silveira). À SPVS e ao pesquisador Marco Aurélio Pizo pelo envio de informações
sobre algumas RPPNs no litoral do Paraná e material bibliográfico, respectivamente.
Aos pesquisadores Carlos A. Bianchi, Gustavo Tranini e Marco Antônio
G. Azevedo que participaram ativamente das discussões para a elaboração deste
documento, mas, por motivos diversos, não puderam comparecer à reunião do Grupo
de Trabalho para a Conservação das Aves de Rapina.
Às instituições e aos pesquisadores que participaram da elaboração deste
documento.
Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves de Rapina
Apresentação
O Brasil é conhecido mundial- composta de planos de ação para a
mente por ser detentor de uma notável conservação das espécies brasileiras da
biodiversidade, possuindo elevado núme- fauna ameaçadas de extinção.
ro de espécies em todos os grupos taxonô-
Os planos apresentam informa-
micos. Ao mesmo tempo, a intensificação
ções sobre a biologia da espécie ou grupo
de atividades humanas como a expansão
de espécies envolvidas e propõem uma
das cidades e o aumento das demandas série de medidas a serem implementadas
agropecuárias têm gerado forte pressão em diversas áreas temáticas, seguindo uma
sobre as áreas naturais dos diversos bio- escala de prazos e prioridades, visando à
mas do país. As principais conseqüências conservação dessas espécies. Além disso,
dessas ações são a perda e a fragmentação os planos devem ser revisados periodica-
de habitats. Isso se reflete no aumento da mente como forma de monitorar e avaliar
Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasilei- as ações executadas e atualizar as neces-
ra Ameaçadas de Extinção, instituída pela sidades de preservação.
Instrução Normativa nº 3 do MMA, de 27
Este quinto plano da série trata
de maio de 2003.
das aves de rapina. Os gaviões, falcões,
Zelar pela proteção e manuten- águias, corujas e urubus são aves que
ção dessa riqueza nacional é responsa- ocupam o topo da cadeia alimentar,
caçando ativamente, como fazem a maior
bilidade de todos, porém as iniciativas e
parte de seus integrantes, ou procurando
medidas a serem adotadas para reverter
animais mortos. Essa posição na cadeia
esse quadro devem ser tomadas de ma-
alimentar faz das aves de rapina animais
neira organizada e conjunta. Assim sendo,
naturalmente raros, cujas necessidades
a união de esforços do governo, da socie-
de habitat os obrigam a ocupar vastos
dade civil e das instituições de pesquisa,
territórios. A comunidade envolvida na
visando à conservação da nossa biodiver-
teia alimentar de um único espécime é
sidade, representa um passo importante
composta por várias espécies de produtores
nessa jornada.
e consumidores de diversas ordens. Sendo
Com o propósito de mudar essa assim, a conservação das aves de rapina
situação, o governo brasileiro lançou também assegura a proteção de várias
a Série Espécies Ameaçadas, que é outras espécies, ameaçadas ou não.
Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves de Rapina
Sumário
Parte 1 – Informações gerais..................................................................................17
1 Introdução ....................................................................................................................19
2 Aves de rapina ..............................................................................................................21
2.1 História natural .......................................................................................................21
2.1.1 Morfologia .................................................................................................21
2.1.2 Distribuição ...............................................................................................24
2.1.3 Migração ....................................................................................................24
2.1.4 Alimentação e requerimento de habitat ......................................................25
2.1.5 Reprodução ...............................................................................................27
2.1.6 Genética da conservação de aves de rapina................................................28
2.1.7 Medicina veterinária ..................................................................................31
3 Ameaça .........................................................................................................................32
3.1 Perda, fragmentação e degradação dos habitats ......................................................32
3.2 Caça, tráfico, perseguição, superstição e conflitos com o homem ...........................33
3.3 Bioacumulação e biomagnificação ..........................................................................36
3.4 Colisões com estruturas antrópicas (linha com cerol, gerador eólico,
vidraça, eletrocussão, intercepção de arames farpados, atropelamento) ..................38
4 Status .............................................................................................................................39
4.1 Espécies ameaçadas................................................................................................39
4.2 Região de ocorrência de espécies ameaçadas .........................................................41
4.3 Programa de manejo em cativeiro ..........................................................................52
4.3.1 Manejo para reprodução em cativeiro ........................................................54
5 Espécies .....................................................................................................................57
5.1 Espécies ameaçadas na categoria vulnerável (VU) ...................................................57
5.1.1 Circus cinereus (Vieillot, 1816) gavião-cinza ...............................................57
5.1.2 Leucopternis lacernulatus (Temminck, 1827) gavião-pombo-pequeno .........58
5.1.3 Harpyhaliaetus coronatus (Vieillot, 1817) águia-cinzenta .............................64
5.2 Espécies na categoria Quase Ameaçadas.................................................................69
5.2.1 Leucopternis polionotus (Kaup, 1847) gavião-pombo-grande ......................69
5.2.2 Morphnus guianensis (Daudin, 1800) uiraçu-falso .......................................74
5.2.3 Harpia harpyja (Linnaeus, 1758) gavião-real ...............................................78
5.2.4 Spizaetus tyrannus tyrannus (Wied, 1820) gavião-pega-macaco ..................83
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
5.3 Espécies na categoria Deficiente em Dados ............................................................88
5.3.1 Leptodon forbesi (Swann, 1922) gavião-de-pescoço-branco ........................88
5.3.2 Accipiter poliogaster (Temminck, 1824) tauató-pintado ...............................88
5.3.3 Percnohierax leucorrhous (Quoy & Gaimard, 1824) gavião-de-sobre-branco ....89
5.3.4 Ibycter americanus pelzeni (Pinto & Camargo, 1948) gralhão ......................90
5.3.5 Falco deiroleucus (Temminck, 1825) falcão-de-peito-vermelho ...................91
5.3.6 Pulsatrix perspicillata pulsatrix (Wied, 1820) murucututu .............................91
5.3.7 Bubo virginianus deserti (Reiser, 1905) jacurutu ..........................................92
5.3.8 Strix virgata borelliana (Bertoni, 1901) coruja-do-mato ................................92
5.3.9 Strix huhula albomarginata (Spix, 1824) coruja-preta...................................93
5.3.10 Aegolius harrisii (Cassin, 1849) caburé-acanelado .......................................93
5.3.11 Asio flammeus (Pontoppidan, 1763) mocho-dos-banhados .........................94
5.4 Espécies de interesse especial que não constam na Lista da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção ............................................................................95
5.4.1 Sarcoramphus papa (Linnaeus, 1758) urubu-rei ..........................................95
5.4.2 Vultur gryphus (Linnaeus, 1758) condor-dos-andes .....................................96
5.4.3 Chondrohierax uncinatus (Temminck, 1822) caracoleiro .............................97
5.4.4 Accipiter superciliosus (Linnaeus, 1766) gavião-miudinho ...........................97
5.4.5 Buteogallus aequinoctialis (Gmelin, 1788) caranguejeiro .............................98
5.4.6 Spizaetus tyrannus serus (Wied, 1820) gavião-pega-macaco ........................99
5.4.7 Spizaetus melanoleucus (Vieillot, 1816) gavião-pato ....................................99
5.4.8 Spizaetus ornatus (Daudin, 1800) gavião-de-penacho ...............................101
5.4.9 Micrastur buckleyi (Swann, 1919) falcão-de-buckley .................................103
5.4.10 Megascops guatemalae roraimae (Salvin, 1897) corujinha-de-roraima .......103
5.4.11 Pulsatrix perspicillata perspicillata (Latham, 1790) murucututu ..................103
5.4.12 Strix hylophila (Temminck, 1825) coruja-listrada .......................................104
5.4.13 Strix huhula (Daudin, 1800) coruja-preta ..................................................105
5.4.14 Glaucidium mooreorum (Silva, Coelho & Gonzaga, 2002)
caburé-de-pernambuco ...........................................................................105
5.5 Espécies indicadoras de qualidade de ambiente, sugeridas para
monitoramento do impacto de agrotóxicos ...........................................................106
5.5.1 Accipiter striatus (Vieillot, 1808) gavião-miúdo .........................................106
5.5.2 Accipiter bicolor (Vieillot, 1817) gavião-bombachinha-grande...................106
5.5.3 Busarellus nigricollis (Latham, 1790) gavião-belo .......................................106
5.5.4 Micrastur semitorquatus (Vieillot, 1817) falcão-relógio ..............................107
5.5.5 Falco rufigularis (Daudin, 1800) cauré .......................................................107
5.5.6 Falco femoralis (Temminck, 1822) falcão-de-coleira ..................................107
5.5.7 Glaucidium hardyi (Vielliard, 1990) caburé-da-amazônia ..........................107
5.5.8 Glaucidium minutissimum (Wied, 1830) caburé-miudinho .......................107
5.5.9 Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) caburé ........................................108
Description:mente como forma de monitorar e avaliar as ações executadas e .. Figura 3 – Mata Atlântica do Parque Estadual do Rio Doce. partes anatômicas em espécimes de coleções (Sick .. com a dieta específica para cada espécie.