Table Of ContentElisabeth Noelle-Neumann
A espiral do silêncio
Apresentação
Prefácio
1. A hipótese do silêncio
O conhecimento está por trás das medições
2. Comprovação com instrumentos de pesquisa de opinião
O teste do trem
Solta-se o verbo quando se sente que está em harmonia com o
espírito do seu tempo
As mudanças de opinião favorecem a investigação
3. O medo do isolamento como causa
Reações diante de situações de entrevista como se fossem reais
Quem furou os pneus do carro?
7.0 surgimento do termo “opinião pública”: Jean-Jacques
Rousseau
12. A queda da Bastilha: opinião pública e psicologia das
massas
13. A moda é opinião pública
14. O castigo do açoite
16. A opinião pública integradora
17. Revolucionários, hereges e contestadores: os desafiadores
da opinião pública
Com os olhos da TV
A decodificação da linguagem e sinais visuais
A ignorância pluralista: o povo se engana sobre o povo
0 núcleo duro
Não há palavras se os meios de comunicação não as fornecem
Epílogo em agradecimento
Epílogo da segunda edição
A espiral do silêncio
Opinião pública: nosso tecido social
TRADUÇÃO. APRESENTAÇÃO E NOTAS Cristian Derosa
PREFÃCIO
Alexandre Costa
ESTUDOS
NACIONAIS
A espiral do silêncio: opinião pública: nosso tecido social Elisabeth Noelle-
Neumann
Io edição - agosto 2017 - Estudos Nacionais
Título original: Die Schweigespirale, de Elisabeth Noelle-Neuman
Publicado originalmente em alemão por: Verlag Ullstein GmbH,
Frankfurt/M.Berlim, 1982. Ute Kõrner Literary Agent.
Coordenação executiva: Marlon Derosa
Coordenação editorial, tradução e notas: Cristian Derosa
Revisão técnica: Karina de Carvalho Giglio
Todos os direitos reservados. Não é permitida a reprodução total ou parcial
deste livro por qualquer meio, seja eletrônicos ou mecânico, fotocópia,
gravação ou arquivada em sistema de banco de dados sem permissão
expressa dos detentores dos direitos.
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Estudos Nacionais
Rua João Mota Espezim, 1339, Saco dos Limões, Florianópolis, SC CEP
88045-400 www.estudosnacionais.com
FICHA CATALOGRÁFICA
Noelle-Neuman, Elisabeth, 1916-2010.
A espiral do silêncio: opinião pública: nosso tecido social / Elisabeth Noelle-
Neuman; tradução, apresentação e notas de Cristian Derosa - Florianópolis
SC
Estudos Nacionais, 2017 Título original: Die Schweigespirale ISBN: 978-
85-94261-00-7
1. Opinião pública. 2. Psicologia social. 4. Controle social. 5. Ciência
política. I. Título.
Editora Estudos Nacionais
Agradecimentos
A presente edição se tornou realidade graças a uma campanha de
financiamento coletivo, coordenada pela editora Estudos Nacionais, para a
qual colaboraram 119 pessoas. A editora agradece a todos os participantes
dessa campanha e, em especial, aos que colaboraram de maneira
diferenciada, aos quais listamos abaixo:
Anthony Hunhoff
Bráulio Mendes Bruno de Lima Schõnhofen Carlos Cesar Borsatto
Cássio Vilasboas Cláudia Noronha
Douglas Winck Edgar Wiese Zacchi Eduardo Gonçalves Emerson Marinho
Enrique villanova
Evilasio Tenorio Silva Junior Germano Maragno
Gustavo Henrique Fraga de Carvalho
José Volmir Ramos Marcelo Guizzo
Maria Laura Machado Campos Nilson Jose Leite Bueno
Paulo de Tarso Pereira Rafael da Paz Domingos Pinto Renato Emydio da
Silva Júnior
Roberto Smera Ronaldo Lucas Silva wSimão Luiz Stanislawski
Simone Nunes Vera Calazans
Vinicius L. Santa Rosa
Apresentação
Cumprindo um dos objetivos da editora Estudos Nacionais, de suprir a falta
de subsídios para o estudo da sociedade, especialmente a brasileira,
apresentamos a primeira edição de A espiral do silêncio no Brasil. Lançado
originalmente em 1982, na Alemanha, teve grande impacto no
desenvolvimento das pesquisas em comunicação e psicologia social em todo
o mundo, tornando-se um verdadeiro clássico.
A pesquisa de Elisabeth Noelle-Neumann jamais deixou de ser atual e, ainda
hoje, em tempos de politicamente correto, acaba descrevendo com precisão a
nossa conturbada política. A autora propõe, neste livro de referência, um
estudo da sua hipótese da teoria da espiral do silêncio, título que se tornou
expressão corrente no estudo da mídia. Trata--se de uma abordagem
fundamental para a análise da relação entre os meios de comunicação e o
controle social.
No Brasil, o debate em torno do assunto sempre acompanhou as discussões
acadêmicas norte-americanas e mantém-se ainda carente de pesquisa
empírica. Carência que também se verifica no aspecto teórico, já que a
ausência de uma edição brasileira tomou a obra restrita a uma pequena
parcela especializada de leitores. A editora Estudos Nacionais busca
conceder o acesso dos leitores menos familiarizados a esta obra clássica para
os estudos na área.
Desde a edição alemã até esta primeira edição brasileira, algumas
modificações foram feitas, pela própria autora, a partir da sua primeira
tradução para o inglês, em 1993 e, depois, na edição espanhola, em 1995. A
presente edição reúne as atualizações que a autora fez em vida em todas as
reedições da sua obra.
Com a morte de Neumann, em 2010, as edições seguintes não puderam
contar com as suas valiosas atualizações e comentários. As notas de rodapé
sugeridas na presente edição não têm a pretensão de substituir as
atualizações da autora, mas de facilitar a compreensão das teorias expostas,
fornecer bibliografia adicional atualizada, assim como exemplos ilustrativos
para o nosso tempo e público específicos. Indicadas na condição de
comentários ([C].) ou de notas do tradutor ([N.T.]), essas inserções têm a
função de aproximar o leitor das teorias utilizadas ou, quando é o caso,
aproximá-las da nossa realidade presente, facilitando o entendimento do
leitor brasileiro. Quanto às referências bibliográficas e apontamentos feitos
pela autora no decorrer da pesquisa, foi mantida, na maior parte, a
bibliografia original alemã, inglesa ou espanhola, optando sempre pela maior
facilidade de acesso do leitor. Quando possível, portanto, nos reportamos a
edições brasileiras, portuguesas ou espanholas, principalmente quando se
trata de bibliografia especializada em comunicação, de fácil acesso ao
público leitor brasileiro.
Por incrível que possa parecer, esta obra, tão citada em trabalhos acadêmicos
e discussões sobre mídia, ainda não estava presente em nosso mercado
editorial. Este fato nos faz refletir sobre o nível de percepção dos brasileiros
a respeito dos fatores políticos e midiáticos influentes em nossa classe
pensante, elemento invariavelmente determinante da identidade e
independência política, bem com à formação da consciência de nossos
cidadãos. Esses fatores afetam profundamente o discernimento político e
são, justamente, os requisitos para o exercício daquela liberdade tão
requerida pelo sistema democrático. Esperamos que este livro contribua para
o desenvolvimento do pensamento nacional no que diz respeito à sua
necessária noção de consciência crítica e independência individual.
Cristian Derosa
Prefácio
Alexandre Costa
A democracia não é uma dádiva. Nem no sentido de perfeição, muito menos
no sentido de presente. Para ser verdadeira e estável, a dinâmica democrática
exige que os seus pressupostos sejam constantemente aperfeiçoados e
defendidos.
Entre os princípios que constituem uma sociedade democrática está a
liberdade de expressão, que consiste na materialização da liberdade da
consciência, e é, portanto, fonte de todas as outras liberdades e condição sine
qua non para a existência de uma coisa chamada individualidade humana.
Bem no meio dessa intrincada rede de sustentações composta de direitos e
deveres, coletivos e individuais, encontra-se a “opinião”, essa palavra muito
usada e pouco compreendida, que serve a variados propósitos e que
frequentemente é alçada ao Olimpo sem a exigência da sua adequação à
realidade.
Nos últimos anos tem aumentado o espaço e a relevância das opiniões
pessoais. Tudo passou a ser nivelado como opinião, desde palpites
espontâneos a escolhas racionais, passando por reflexos condicionados e
palavras de ordem. Com o crescimento e a onipresença das redes sociais, o
espaço e o acesso à opinião aumentaram consideravelmente, o que torna o
assunto ainda mais importante para qualquer um que pretenda entender o
panorama sócio-político.Diante da importância cada vez maior destas novas
formas de comunicação, que permitem a
publicação das manifestações pessoais sem qualquer exigência de
contrapartida, torna-se imprescindível refletir sobre a essência e os acidentes
relacionados à formação, influência, cristalização e repercussão da opinião.
Em meus estudos sobre a cronologia dos planos de constituir um governo
mundial, notei que ao longo do tempo um fator foi particularmente
aprimorado com mais afinco que os demais. Depois de alguns projetos
baseados principalmente na força militar, econômica e política, as iniciativas
visando convencimento, persuasão e qualquer outro tipo de influência
tornaram-se o foco das atenções destes planejadores, e por fim mostraram-se
mais eficientes que os fuzis e as legislações. Mesmo quando comparada a
outros aspectos como sistemas econômicos e iniciativas políticas, nenhuma
outra área recebeu mais atenção daqueles que desejam controlar o mundo
inteiro.
Como a eficácia deste tipo de iniciativa depende de um certo grau de
discrição, a maioria das pessoas nem imagina que por trás de toda
comunicação global, principalmente nos assuntos vitais e estratégicos, existe
uma intenção deliberada de interferir na opinião das pessoas, com técnicas,
métodos e experimentos. Na verdade, poucos sabem que o controle da
opinião pública é tema de inúmeros estudos e tem sido beneficiado com
financiamentos de valores incalculáveis.
Qualquer um que tenha pesquisado sobre os regimes totalitários que
inspiraram os projetos que hoje são conhecidos como Nova Ordem Mundial
sabe que a questão da manipulação da opinião é central nesse processo. De
Antonio Gramsci à Escola de Frankfurt, passando por diversos outros
pensadores, fica evidente que a estratégia mudou drasticamente após os
fracassos dos regimes soviético e nazista. O foco, que era “mudar a
sociedade de cima para baixo”, transformou-se em uma série de iniciativas
que têm como objetivo mudar antecipadamente o pensamento do indivíduo e
desta forma enfrentar menos resistência para as futuras implantações.
Basta pensar um pouco para perceber que de nada adianta lutar contra as
iniciativas políticas e econômicas que compõem estes planos sem conhecer a
estratégia insidiosa que se esconde na comunicação de massa. E assim que
eu percebi que esta era a chave para compreender o panorama e prever os
rumos das decisões políticas, passei a procurar pelos estudos sobre o tema. O
que eu não esperava é que a maioria dos estudos mais sérios e documentados
sobre a influência da comunicação na formação das opiniões levava a um
assunto ainda mais específico e profundo, a Espiral do Silêncio.
A autora deste estudo, que serviu a muitos outros sobre ciência política,
opinião pública e mídia é uma professora alemã, Elisabeth No-elle-
Neumann, nascida em Berlim em 1916 e falecida em 2010. Seus estudos,
iniciados ainda na década de 1960, demonstram, de forma objetiva e
indiscutível, que a psicologia humana obedece a certos preceitos para a
formação da opinião, seja pública ou individual.
Olavo de Carvalho, que foi o grande responsável por aprofundar as questões
levantadas por Noelle-Neumann no Brasil, explica a peculiaridade desta
questão eminentemente psicológica, que atinge o imaginário e talvez até o
subconsciente das pessoas. O filósofo sintetiza a Espiral do Silêncio como
um jogo de impressões e de emoções vagas, e não um processo de
doutrinação ideológica. Tal característica exige uma observação muito mais
atenta e um estudo mais apurado, o que torna este livro ainda mais
necessário.
Como já estava habituado a não encontrar no Brasil alguns dos livros
essenciais ao assunto que pesquisava, principalmente aqueles que
desmontam ou simplesmente questionam as argumentações do status quo,
não foi uma surpresa descobrir que o livro ainda não tinha uma edição
brasileira.
Décadas depois, portanto, chega ao Brasil o livro que traz todas as
informações necessárias para a compreensão dessa estratégia e que permite,
ao leitor atento, imunizar a sua percepção de forma a não ser mais um idiota-
útil.
Partindo de pesquisas realizadas nas eleições alemãs entre 1965 e 1971, a
autora percorre um longo e detalhado caminho, mostrando passo a passo o
funcionamento dos mecanismos que influenciam o posicionamento e a
tomada de decisões. Todo estruturado como uma aula, o livro lançado agora
no Brasil pela editora Estudos Nacionais, traz todas as etapas necessárias
para a compreensão do que vem a ser a Espiral do Silêncio e suas entranhas.
O livro começa apresentando as ferramentas que serão utilizadas, avança
para abordagens mais diretas sobre as questões relacionadas à opinião, suas
características e particularidades, tudo com absoluta transparência e
obedecendo a rigoroso método científico.
Logo no início o leitor já entende o que é, como funciona e quais os métodos
utilizados, levantando hipóteses e abrindo para uma abordagem muito
profunda sobre o poder de influência do que a autora chama de isolamento, a
força ativadora da Espiral do Silêncio. Os capítulos vão se desenvolvendo de
forma organizada e didática, com experimentos, entrevistas e cruzamento de