Table Of ContentUNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA
FILHO"
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO
Entre o acadêmico e o jornalístico: análise da coluna de crítica literária
Prosa de Sábado, do suplemento Sabático
Felipe de Oliveira Mateus
Bauru
2012
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FELIPE DE OLIVEIRA MATEUS
Entre o acadêmico e o jornalístico: análise da coluna de crítica literária
Prosa de Sábado, do suplemento Sabático
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação
em Comunicação Social - Jornalismo,
apresentado à Faculdade de Arquitetura, Artes
e Comunicação da Universidade Estadual
Pa ulista "Júlio de Mesquita Filho".
Orientador: Prof. Dr. Mauro de Souza Ventura
Bauru
2012
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FELIPE DE OLIVEIRA MATEUS
ENTRE O ACADÊMICO E O JORNALÍSTICO: ANÁLISE DA COLUNA DE
CRÍTICA LITERÁRIA PROSA DE SÁBADO, DO SUPLEMENTO SABÁTICO
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Comunicação Social - Jornalismo,
apresentado à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual
Paulista "Júlio de Mesquita Filho".
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Mauro de Souza Ventura
_______________________________________
Prof. Dr. Arlindo Rebechi Junior
_______________________________________
Prof. Ms. Karla Beraldo de Souza
Bauru, __________________________________
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À Vó Santa e ao Vô Rubens
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, exemplos que sigo e continuarei seguindo, que me apoiaram
incansavelmente durante o desenvolvimento desta monografia.
Ao professor Mauro de Souza Ventura, que acreditou em meu potencial e possibilitou
que este projeto fosse realidade. Também ao professor Arlindo Rebechi Junior e à Karla
Beraldo de Souza, membros da banca examinadora, por seu interesse e disponibilidade.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo
financiamento da pesquisa de Iniciação Científica que deu origem a esta monografia.
A todos os grandes amigos que fiz nesses quatro anos e que morarão para sempre em
meu coração.
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"De certa forma, o trabalho de um crítico é fácil. Nos arriscamos pouco e temos prazer em
avaliar com superioridade os que nos submetem seu trabalho e reputação. Ganhamos fama
com críticas negativas, que são divertidas de escrever e ler. Mas a dura realidade que nós,
críticos, devemos encarar, é que no quadro geral, a mais simples porcaria talvez seja mais
significativa do que a nossa crítica. Mas, há vezes em que um crítico arrisca de fato alguma
coisa, como quando descobre e defende uma novidade. O mundo costuma ser hostil aos novos
talentos, às novas criações. O novo precisa ser incentivado."
Ratatouille - Disney Pixar
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RESUMO
A crítica literária desenvolveu-se no Brasil no período que compreende o final do século XIX
e início do século XX. Naquela época, o meio de divulgação da crítica eram os rodapés dos
jornais, espaços onde se discutia literatura e onde os críticos expressavam suas impressões
pessoais sobre obras literárias com o objetivo de orientar o bom gosto dos leitores. Com a
progressiva evolução do jornalismo e do público leitor dos jornais, as colunas de crítica
tornaram-se incompatíveis com o campo noticioso dos periódicos, transferindo-se para os
suplementos literários, durante uma fase de transição, até se concentrar no campo
universitário. Essa mudança nos paradigmas de produção da crítica também acarretou uma
mudança no perfil dos críticos literários e dos critérios para se fazer a crítica. Se antes o
crítico era um profissional que só deveria ser dotado de erudição o suficiente para julgar as
obras literárias de acordo com suas impressões, passa a ser um especialista em literatura e
deve utilizar-se de metodologias científicas na análise literária, enquanto o jornalista cultural
passa a encarar os eventos e obras literárias como produtos pertencentes a um mercado que
deve ser noticiado. Esta pesquisa se propõe a estudar e comparar as críticas publicadas na
coluna Prosa de Sábado, do suplemento literário Sabático, produzidas por Silviano Santiago,
crítico de origem acadêmica, e Sérgio Augusto, crítico jornalista, com o objetivo de
identificar semelhanças e contrastes entre elas e analisar a relação desses críticos com seus
campos distintos de legitimação literária, bem como refletir sobre a presença da crítica
literária e dos críticos na imprensa atual.
PALAVRAS-CHAVE: crítica literária, crítica jornalística, suplementos literários, jornalismo
cultural.
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ABSTRACT
The literary criticism was developed in Brazil in the period that comprehends the end of the
19th century and the beginning of the 20th century. During that time, the mean of
dissemination of the criticism were the footnotes of the newspapers, places in which literature
was discussed and the critics expressed their personal impressions about literary works with
the objective of orientating the good taste of the readers. With the progressive evolution of
journalism and of the newspaper's audience, the criticism columns became incompatible with
the informative part of the periodicals, being transferred to the literary supplements, during a
transition phase, until it was concentrated in the universitary field. This change in the
paradigms of the production of criticism also caused a change in the profile of the literary
critics and in the criteria to do the criticism. Before, if the critics were professionals that only
needed to have enough erudition to judge the literary works, they turn into literature experts
and need to use scientific methodologies in the literary analysis, while the cultural journalist
begins to look at the events and literary works as products which belong to a market that
needs to be reported. This research proposes studying and comparing the critics published in
the column Prosa de Sábado, of the literary supplement Sabático, produced by Silviano
Santiago, critic of an academic origin, and Sérgio Augusto, journalist critic, with the objective
of identifying similarities and contrasts between them, and analyse the relation of this critics
with their distinct fields of literary legitimation, as well as reflecting about the presence of the
literary criticism and of the critics in the current press.
KEYWORDS: literary criticism, journalistic criticism, literary supplements, cultural
journalism.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
1. EVOLUÇÃO DA CRÍTICA LITERÁRIA NO BRASIL ......................... 13
1.1 Do surgimento dos rodapés críticos até a crítica na década de 1940 ............ 10
1.2 Mudança nos paradigmas da crítica literária ................................................ 29
1.3 A campanha de Afrânio Coutinho ................................................................ 31
2. OS SUPLEMENTOS LITERÁRIOS .......................................................... 37
2.1 Um período de mudanças ............................................................................. 37
2.2 O Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo ........................................ 41
2.3 O Suplemento Dominical do Jornal do Brasil .............................................. 42
2.4 O fim dos suplementos literários .................................................................. 44
3. A CRÍTICA ESPECIALIZADA ................................................................. 47
3.1 Roland Barthes e a crítica especializada na França ...................................... 49
3.2 A crítica especializada nos Estados Unidos .................................................. 50
3.3 A crítica especializada no Brasil ................................................................... 54
4. O JORNALISMO CULTURAL E A CRÍTICA LITERÁRIA ................ 60
5. ANÁLISE DESSCRITIVA DO CORPUS .................................................. 65
5.1 Análise quantitativa das críticas feitas por Silviano Santiago ................ 67
5.2 Análise quantitativa das críticas feitas por Sérgio Augusto ................... 77
6. ANÁLISE INTERPRETATIVA DAS CRÍTICAS DE SILVIANO
SANTIAGO ....................................................................................................... 91
6.1 O entre-lugar do discurso latino-americano ............................................ 92
6.2 Literatura latino-americana ...................................................................... 97
6.3 Dependência e empréstimos culturais ....................................................... 102
6.4 Silviano Santiago: leitor de Derrida .......................................................... 108
6.5 A crítica de Silviano Santiago em Prosa de Sábado: uma visão geral .... 110
7. ANÁLISE INTERPRETATIVA DAS CRÍTICAS DE SÉRGIO
AUGUSTO ......................................................................................................... 113
7.1 Experiências de leitura ............................................................................... 115
7.2 Posicionamentos impressionistas ............................................................... 119
7.3 Referências à Cultura Pop e à Cultura de Massa .................................... 123
7.4 Noticiabilidade e gancho factual ................................................................ 126
7.5 A crítica de Sérgio Augusto em Prosa de Sábado: uma visão geral ........ 129
CONCLUSÕES ................................................................................................. 131
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 138
LISTA DE COLUNAS ANALISADAS .......................................................... 141
ANEXOS ............................................................................................................ 144
Anexo A - Críticas de Silviano Santiago em Prosa de Sábado .......................... 145
Anexo B - Críticas de Sérgio Augusto em Prosa de Sábado ............................. 195
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INTRODUÇÃO
Desde o início da imprensa moderna no Brasil, período que compreende o fim do
século XIX e o início do século XX, a literatura caracterizou-se como uma atividade inerente
àquele antigo modelo de jornalismo. Ainda não havia uma fronteira bem definida entre os
campos jornalístico, intelectual e literário. Os chamados "homens de letras" eram
responsáveis pela redação dos antigos jornais, espaços onde praticavam o beletrismo e a
reflexão de ideias que, mais tarde, formariam a comunidade intelectual nas grandes cidades da
época.
Nesse período, a crítica literária consolidou-se como um formato opinativo nas
páginas dos jornais. Publicada nos folhetins, ela tinha como motivação principal as
impressões pessoais dos críticos, que não eram especialistas, apenas precisavam de cultura
geral suficiente para julgar as obras literárias. A essa vertente crítica deu-se o nome de
impressionista, ou seja, pautada pelas impressões.
Esse modelo de crítica se sustentou no Brasil até meados das décadas de 1940 e 1950.
Nessa época, os paradigmas de produção da crítica começam a sofrer uma mudança, motivada
por transformações no jornalismo, na sociedade e na própria crítica, o que resultou na
separação entre a atividade jornalística e a crítica, e o confinamento desta no espaço
universitário acadêmico.
Era um período em que a sociedade brasileira sofria uma rápida industrialização e
urbanização, fato que provocou mudanças no campo cultural e no perfil dos leitores de
jornais. Tornavam-se mais raros os antigos leitores dos folhetins e surgiam leitores que
buscavam uma quantidade maior de informação, em detrimento dos conteúdos analíticos
oferecidos pelo antigo jornalismo. Isso levou o jornalismo a se modificar também,
incorporando os padrões norte-americanos de produção, prezando pelo conteúdo noticioso,
objetivo, tornando a crítica impressionista incompatível com os jornais.
Paralelo a isso, a crítica literária passava por mudanças em seus critérios de produção
e de legitimação. Nesta época, a intenção de submeter a crítica a metodologias científicas,
excluindo dela as impressões do crítico como critério de avaliação das obras e fazendo com
que ela se concentrasse na análise do texto literário, ganhava popularidade no Brasil,
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Description:A Ilha dos B irutas. ; afirm a que o rom ance o rem ete a m úsicas dos. Beach Boys, Dion, Del. Shannon e Marty. Robbins. Avalia que podem ser . Hem ingway, Aldous. Huxley, Salm an. Rushdie, Gabriel García. Marquez, Graham. Greene, Italo Calvino,. Ray Bradbury, John. Cheever, Norm an. Mailer